Derrocada

Mas desde quando é que dizer o que é verdade é presunção?
Com que cara diz agora "Não sei, não quero e não faz mal"
Quis a resposta e encontrei no mesmo saco opinião
Reveladora de uma tese lida na diagonal

Como foi que se ensinou o mundo a não pensar?
Que rumo foi que sofismou a liberdade?
Quando passámos a ver tudo sem olhar?
Quem paga agora a conta dos que acharam caro conhecer?

Demagogia intolerável usa o ódio para comprar a humanidade
Prometendo o paraíso enquanto queimam os seus tomos
Quem se lembra do passado se ele for uma fogueira?

O mundo inteiro vê as horas num relógio parado
O mundo inteiro vê as horas num
relógio parado e ninguém parece reparar

Intolerância e conformismo são um par de namorados
Menosprezam o saber só porque não se mede aos palmos
"O sono da razão engendra monstros"
Arquitectos devassos levam a democracia ao escombro

Como interromper agora este curto-circuito
Medrado na selvagem crosta comportamental?
Crescem muros e distância alimentados a nada
Que língua fala a multidão quando não sabe e está zangada?

Saber ao menos a diferença
É inacreditável!

Ah
Eu queria tanto conversar
E se não dá para ser Habermas
Que ao menos se aprenda com ele
Uma conversa inteligível, sincera, racional,
Pensar o mundo, perguntar, lançar-se em fome de real

Perguntar, isso sim, é um acto de revolução
Até sempre, isso sim, é um acto de revolução



Credits
Writer(s): Sofia Fernandes
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