Verso Livre

Rap'BR, Salvador, Bahia
Nordeste
Abram as portas, tamo chegando

Se tá tocando o beat eu tô cuspindo
Manda um som maneiro que daqui nós tá curtindo
Nada de olhar pra baixo, meu menino
Se tem degrau, nem que seja na marra, nós tá subindo
Que nem Neymar, tô jogando o fino
Modéstia à parte, se falar de rima eu ensino
E se me tromba, vê que eu tô que nem um sino
Pro lado que eu bater, um som do eixo tá saindo

E vem
Humildade da quebrada, aqui tem
Mas se falar de money, nós tá bem sem
Pensando nesse lado, eu tô bem zen
Porque se tem espaço, tem q ter pra mim também
Eu dou sangue, não sou um zé ninguém
Música é meu cativeiro, você é o meu refém
Não paro por aqui, eu vou bem mais além
Em breve, pode crer, serei capa da Calvin (Hein!?)

Mas fale realmente do que cê entende
A munição é o meu flow, tô armado até os dentes
Amor ao próximo é um dom de pouca gente
Dá pra ver pela eleição do nosso presidente
Hoje Suzano chora pelos falecidos entes
Se tivessem armados, seria diferente?
Espero que vocês mantenham isso em mente
Que nas mãos cês levam sangue de gente inocente

E se a rima tá batendo, eu falo tudo
Não tô tentando agradar a todo mundo
Pelo menos se eu falhar eu não me iludo
Mas se tu curte o meu trampo, mano, tamo junto

E é pela independência que hoje eu luto
Tô batalhando até colher meu próprio fruto
E eu tô ligado no ditado que o sistema é bruto
E se pretim não se ligar, vira defunto

Se liga, parça, tô mandando a real
Preto que não abre o olho, mano, passa mal
E não importa o que digam, tu tem potencial
Vão tentar te jogar pra baixo, isso é natural

Pra todos os inimigos, quero vida longa
Pra lá na frente curtirem meu featuring com o Djonga
O sucesso tá chegando, e eu tô pegando ponga
Meu motorista não vai dirigir a porra de uma ronda
E eu tô de pé na lona, tô tirando onda
Minha rima é que nem Skol, ela desce redonda
Seguindo os melhores e tentando fazer grana
Eu vou virar um Hyundai, hoje sou só um mero Monza

Pego um papel e escrevo a verdade
Coração tá batucando no pique Afrocidade
Me jogo de cabeça, nunca sou pela metade
Muitos deram a vida pela nossa liberdade

Mas ando em cadência, pouca experiência
Seguindo influências tipo Rincon Sapiência
Tô fazendo os meus versos e não preciso de licença
Tô metendo o pé na porta mesmo, somos resistência

E mano, eu vou chegar lá
Eu tô aqui pra isso e pra todo lado vou atirar
Caneta no papel, escrevo até cansar
E eu vou estar lá no oscar com o Kendrick Lamar

Pode crer no meu verbo, esse é o meu plano
Fazer sucesso e tomar uma com meus manos
Podem levar meses, talvez até anos
Nós na cena não é igualdade, é redução de danos

Tô dando as caras, a track tá na pista
Não parcelo nada, o trampo é todo a vista
Atrás dos holofotes, quero que me assistam
Já fiz rock, faço pop, e hoje o rap também tá na lista

Pura melanina, amor que me anseia
A batida é um soro injetado na minha veia
Depois de tanta luta, só vê se tu aceita
Que preto é lá no topo, racista é na cadeia

Rap BR, anotem esse nome
Vocês vão lembrar dele
Tamo junto, Salvador, Bahia



Credits
Writer(s): Yonathan Matzenbacker
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