Travessia do Araguaia (Participação especial de José Camillo)

Naquele estradão deserto, uma boiada descia
Pras bandas do Araguaia pra fazer a travessia
O capataz era um velho de muita sabedoria
As ordens eram severas, e a peonada obedecia

O ponteiro, moço novo
Muito desembaraçado
Mas era a primeira viagem que fazia nesses lados
Não conhecia os tormentos do Araguaia afamado
Não sabia que as piranhas eram um perigo danado

Ao chegarem na barranca, disse o velho boiadeiro
Derrubamos um boi n'água, deu a ordem ao ponteiro
Enquanto as piranhas comem, temos que passar ligeiro
Toque logo este boi velho que vale pouco dinheiro

Era um boi de aspa grande, já roído pelos anos
O coitado não sabia do seu destino tirano
Sangrando por ferroadas, no Araguaia foi entrando
As piranhas vieram loucas e o boi foram devorando

Enquanto o pobre boi velho ia sendo devorado
A boiada foi nadando e saiu do outro lado
Naquelas verdes pastagem, tudo estava sossegado
Disse o velho ao ponteiro: pode ficar descansado

O ponteiro, revoltado, disse: que barbaridade
Sacrificar um boi velho, pra quê esta crueldade?
Respondeu o boiadeiro: aprenda esta verdade
Que Jesus também morreu pra salvar a humanidade



Credits
Writer(s): Osvaldo Franco, Decio Dos Santos
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