Folha

Folha maldita, obedeces
Às mãos que nem tu mereces
Às mentiras do poeta

Toda a negrura dos traços
Descreveram mil abraços
Histórias de uma porta aberta

Toda a negrura dos traços
Descreveram mil abraços
Histórias de uma porta aberta

Só tu sabes, folha branca
A arte de tornar estanque
Essa seiva da verdade

Contou-me histórias de amor
Esse pobre fingidor
Fez-me crer que tem saudade

Contou-me histórias de amor
Esse pobre fingidor
Fez-me crer que tem saudade

E tu, ó folha rendida
À mão que na despedida
Diz adeus sem ter partido

Vai dizer a toda a gente
Que finge o que deveras sente
O meu poeta perdido

Vai dizer a toda a gente
Que finge o que deveras sente
O meu poeta perdido



Credits
Writer(s): Carminho, Júlio Proença
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