Nau Sertaneja

Cinco horas da manhã em pé
Ele era um homem feito para luta
O trabalho na lavoura
Tinha um sentido mais nobre até

Do que estudar os livros
Bom é tirar sabedoria do chão

Eu não sei se foi o Sol quente demais
Mas foi um dia, algo lhe aconteceu
Não voltou mais para casa
Simplesmente desapareceu

Ninguém que o dissesse vivo ou se morreu
E todo mundo esqueceu

Como diz o povo
A ida não é mais que a véspera da volta
E assim se deu, êi-lo reaparecido
Dentro de uma enorme embarcação

Feita de latas e panos
Nunca se viu, dizia ser seu navio

Uma coisa assim tão pouco
Vista por aquelas bandas chamou atenção
Dos velhos e das crianças
Dos moços nem tanto, pois então

Que viessem ter no barco a sensação
De navegar no sertão

Contam que depois de todos irem para bordo
Houve aquela aparição
Lá de dentro o que se via
Era o mar em vez da plantação

E todos se deslumbraram com mansidão
E adoraram a visão

Coisa muito rara, engano quem disser
Que a mente desse povo não tem luz
Tudo é mais que iluminado
Muito mais que carregar a cruz

O lado misterioso é o que nos produz
Frutos da mesma ilusão

Somos todos irmãos da Lua
Moramos na mesma rua
Bebemos no mesmo copo
A mesma bebida crua



Credits
Writer(s): Renato Teixeira De Oliveira
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