Maria Lúcia, Santa Cecília e Eu

Você sabe tão bem quanto eu
Ninguém pode dar amor se nunca o recebeu
Ah, tão sem jeito, ah, tão sem jeito
Ah, tão ruim

E é frustrante não poder mostrar
Como eu me sinto por receio de te afugentar
Ah, tão sem jeito, ah, tão sem jeito
Ah, tão ruim

Ontem, eu adoeci de tão preocupado
Envolto em um suor espesso e gelado
Me sentindo ingênuo e despreparado
Pra lidar com o mundo lá fora

Maria Lúcia riu: Filho, cê só precisa
Do seu violão e da sua imagem de santa Cecília
Pra ser alguém na vida, pra honrar sua família
Pra me deixar orgulhosa

E o quanto isso me acalma, você nem desconfia
Meu porto seguro, minha mãe, minha pessoa preferida
Então que eu seja alguém na vida
Que eu honre minha família
Que eu a deixe orgulhosa

Pois eu te digo que o meu maior temor
é que quando a minha mãe se for
Ela vá intranquila, sem a sensação
De partir com a missão cumprida

Com o tempo, eu criei meu próprio conceito de Deus
O que talvez me torne um tipo raro e estranho de ateu
Ah, tão sem jeito, ah, tão sem jeito
Mas é assim pra mim

O que eu busco é alguma garantia
De que existe algo além dessa vida
De que a morte não é tão definitiva
E sim uma breve despedida