O Fluxo Ardente do Torpor

O desejo sempre me pega
Como uma torradeira
Me liga antes na tomada
Depois me joga na banheira
Em que você, lindo, se lava
Tentando afogar a dor
Pra então sofrer uma descarga
De paixão e de calor

Doce ao chegar
Mais doce ainda ao partir
Vem me entorpecer
Impeça-me de desistir
Pegue a minha mão
Conceda-me absolvição
Me leve do nadir da dor
Ao zênite do seu amor

Um beijo frio que me eleva
Ao pico da excitação
Sorvete com sabor de lava
A escorrer do meu vulcão

Miragem do alvorecer
Mentira tétrica sem cor
Entre minhas pernas a correr
O fluxo ardente do torpor

Doce ao chegar
Mais doce ainda ao partir
Vem me entorpecer
Impeça-me de desistir
Pegue a minha mão
Conceda-me absolvição
Me leve do nadir da dor
Ao zênite do seu amor

Eu sinto a febre sob a pele
Uma água-viva no coração
Gelo queimando em meu cerne
Tetraplegia da hibernação

Doce ao chegar
Mais doce ainda ao partir
Vem me entorpecer
Impeça-me de desistir
Pegue a minha mão
Conceda-me absolvição
Me leve do nadir da dor
Ao zênite do seu amor

Me leve do nadir da dor
Ao zênite do seu amor



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