Delírio na Retina

Sinto-me amada e perdida
Como a voz que desafina
Como o algoz frente ao perdão
Sinto-me ocupada e ruína
Um delírio na retina
E seu cheiro, gasolina
Alimenta os meus lábios
Como uma ave de rapina
Mata a fome do filhote
Teu beijo com nicotina
Tua língua, um garrote.

Sinto-me amarrada e retorcida
Uma lua suicida
Instigada pelo mar
Sinto uma fúria assassina
Quando ouço na esquina
Teu farol incendiar
Sinto uma vontade de menina
Um delírio na retina
De querer me libertar

Sinto-me queimada e traída
Como a bruxa que trepida
Frente ao bom homem cristão
Sinto-me culpada e cretina
Um delírio na retina
O meu corpo alucina
E contorço os meus ossos
Uma fome me trucida
Quando entendo teu boicote
Preferia guilhotina
Ou o estalo do chicote.

Sinto-me armada e querida
Uma lua regicida
Que não se deixa minguar
Sinto uma cura repentina
Quando ouço na esquina
A sirene a cantar
Sinto essa vontade de menina
Um delírio na retina
De poder me libertar



Credits
Writer(s): Horácio Dib
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