Sobretudo Quando Chove

Se apenas uma escolha me restasse,
Eu levaria o pôr-do-sol,
Ou se uma só herança me bastasse,
Um rouxinol
Que cantasse a dor das distâncias
E curasse essa saudade
A me invadir enquanto eu canto,
Sobretudo quando chove.

Se toda a poesia, numa palavra,
Eu ficaria com "jardim"
E, um tipo só de arbusto ali se lavra,
O alecrim,
Concentrando o cheiro do longe,
Acalmando essa saudade
A me invadir enquanto eu canto,
Sobretudo quando chove.

E chove, e chove, chove sem parar,
Enquanto eu canto, canto,
Ao te esperar.

Se cada vez que eu penso no teu rosto,
Vento virasse um vendaval,
Desabaria o céu com muito gosto,
Que temporal!
Tormenta no mar da memória,
Rimando com essa saudade
A me invadir enquanto eu canto,
Sobretudo quando chove.



Credits
Writer(s): Gerson Borges Martins
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