Inquilino Da Dor

La-laia, aê

Nas madrugadas frias, pensamentos suicidas
Peguei na caneta a única saída que eu tinha
Já me disseram que minhas músicas salvaram vidas
Desculpa, mas essa aqui eu fiz pra salvar a minha

Irmão, ainda que eu diga que não
A verdade é que eu me preocupo demais com sua opinião
E sofro demais se tiver rejeição
Posso parecer forte com as minhas palavras
Porém sou tão fraco, admito
Se alguém fala bem quase nunca acredito
Se alguém fala mal levo pro coração

Preciso aprender a lidar com essa porra antes que eu enlouqueça
Ou meta uma bala na minha cabeça, não
Tento organizar meus neurônios
Logo eu que dizia fazer feat com Deus
Hoje faço feat com os meus demônios

Lembro da frase que o Brown falou: Jesus chorou
Hoje a inquilina da dor me visitou
Mas como meu vô dizia
As rugas também moram nos sorrisos
E as lágrimas também molham os olhos de alegria

Minha maior tristeza seria
Se a tristeza me abandonasse um dia
E me deixasse orfão da poesia
Antes a sua companhia do que andar de alma vazia
E que o poeta só caneta se tiver melancolia

E se Deus me fez assim, não me resta outra escolha
Cabe a mim botar na folha o que Deus botou em mim
Vejo a dor como um presente, vivo-a com intensidade
Pois o céu canta mais alto em dia de tempestade

Preciso falar tudo que eu quero falar
Que amanhã eu já nem sei se eu tô aqui
Se alguém me escutar esse som é pra avisar
Que eu vi as trevas mas sobrevivi

Preciso falar tudo que eu quero falar
Que amanhã eu já nem sei se eu tô aqui
Se alguém me escutar esse som é pra avisar
Que eu vi as trevas mas sobrevivi

Tem dias que eu penso em parar com tudo em ficar em paz
Já não aguento mais, será que vale lutar pelos ideais?
Vai Brazza segue em frente sem olhar pra trás
Afinal, você quer ser famoso ou quer ser o melhor no que cê faz?

Quando comecei a rimar eu sonhava em mudar o mundo
Devolver um pouco do privilégio que a vida me deu
Hoje já nem sei se sonhei demais ou se lá no fundo
Eu só tô tomando espaço de alguém que precisa bem mais que eu

Se eu não fizesse rap ia fazer o quê? Sei lá
Mas não precisa ser muito esperto
Pra saber que a verdade é que
A nossa sociedade já foi desenhada
Pra um cara que nem eu dar certo

É fácil fazer rap assim
Vindo de onde eu vim
Se a televisão me fala sim
Se a polícia não me faz um boletim
Se no fim, os caras que morrem
Confundido com bandido nunca são iguais a mim

Eu sou herdeiro de um passado que eu não posso fugir (não)
Eu não escolhi, mas pelo menos o rap me fez evoluir
Desconstruir
Acessar lugares e ideias que sozinho eu não ia conseguir

E o que a sociedade separou eu vi o rap unir
Numa estação de metrô, alí numa roda de free
E foi aí que eu parei pra refletir
Pô, imagina se o Brasil todo fosse igual a isso aqui

Talvez essa seja só mais uma utopia que o rap me fez crer, é
Uma utopia que nunca vai chegar a ser (eu sei)
Mas quer saber só porque um sonho é impossível
Isso não é motivo pra não querer (não)

Seja você a mudança que você quer
E se meu sonho morrer, espero que ele ganhe asa
E possa renascer no coração de outro moleque
Que um dia escutou meu rap
E sonhou o memo sonho que o Fabio Brazza

Preciso falar tudo que eu quero falar
Que amanhã eu já nem sei se eu tô aqui
Se alguém me escutar esse som é pra avisar
Que eu vi as trevas mas sobrevivi

Preciso falar tudo que eu quero falar
Que amanhã eu já nem sei se eu tô aqui
Se alguém me escutar esse som é pra avisar
Que eu vi as trevas mas sobrevivi

Sobrevivi
Me ajude, sozinho eu penso merda pra caraio
Pensamentos maus vem, pensamentos bons vai
Me ajude, sozinho eu penso merda pra caraio



Credits
Writer(s): Stefan Wey Berti Brito, Fabio Reboucas De Azeredo
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