Sem Memória
Acordo assustado, mano, que horas são?
Subi na minha magrela, fui comprar um pão
Na banca de jornal vi uma aglomeração
Estranhei pelo horário a movimentação
Senti frio na barriga tipo uma premonição
Acendi o meu cigarro sem dar muita atenção
Vou seguindo minha meta, voltando pra minha favela
Que dorme pronto pra guerra dessa sensação
Quando eu tiro o celular do modo avião
Já começo a ver milhares de mensagens no WhatsApp
Não para de vibrar um monte de ligação
Todo mundo comentando, falando da reportagem
Passando ao vivo pelo canal da cidade
Fui correndo na mesma hora pra ligar a televisão
Não dá pra acreditar que o que eu tô vendo é verdade
Meu mano dentro do ônibus com revólver na mão
Pensa que loucura, imprensa na cobertura
Esquadrão Antibomba, viatura isolando a rua
Chamava de irmão, apelido professor
Porque ia de porta em porta distribuindo leitura
O BOPE pede calma, ele não quer negociar
Não dá pra confiar nesse povo de farda suja
Lembra da ditadura? Esse tal Coronel Ustra
Matou o meu avô com maquinários de tortura
Eu falava sobre livro, mas ninguém me dava ouvido
Agora meu irmão em Cristo faz sinal de arma com a mão
O mesmo argumento defendido por políticos
Por isso eu comprei uma pra vocês me dar atenção
Tô liberando as criança, vou liberar as mulher
Machucar um inocente nunca foi minha intenção
Pode chamar de aula, pode chamar de sequestro
No final pra ser honesto todos vão ter uma lição
Eu vejo os capitão do mato tudo posicionado
Atirador do governo tem fuzil de precisão
Eu prefiro ser atingido pelo tiro do inimigo
Mas nunca pela chibata na mão do meu próprio irmão
Nóis existe há muito tempo, não existe descobrimento
Em abril de 1500 começou a exploração
Os portugueses trouxe a guarda e os padres jesuíta
Porque a cruz e a espada foi a única opção
Tu conhece tua árvore genealógica?
Nóis sofre de falsidade ideológica
Aí o playboy acha bonito tacar fogo em índio
Esqueceram do Galdino, povo sem memória
Tu sabe a vida da Anitta, acompanha o Léo Dias
Segue a dica da blogueira e os site de fofoca
Não sabe quem foi Dandara, Ciata, Maria Bonita
Então para de novela e vem pesquisar nossa história
Pra saber que os bandeirante que deu nome a essa avenida
É igual esses milícia que nóis tem aqui agora
Matou a Marielle, matou Zumbi dos Palmares
Escravizava os índios e o povo quilombola
Meus heróis nunca viraram estátua
Morreu lutando contra aqueles que viraram
Aí Bial, que se foda o que tu acha genial
Monteiro Lobato é só um racista arrombado
Olha seu menor com boneco do Thor
Loiro de olho verde segurando um machado
Imagina seu menor com um boneco de Xangô
A vizinha passando falando: tá amarrado
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Parece que o futuro tá repetindo o passado
Se fosse pra escolher um bandido de estimação
Eu preferia o Lampião e não o Flávio Bolsonaro
Eu odeio Luiz Alves de Lima Silva
Lembrado como herói em Duque de Caxias
Acabou com a revolta de João Balaio
Que matou o soldado que estuprou suas filha
Tu conhece o nego Cosme e o cara preta
João Cândido e a Revolta da Chibata?
Se conhecesse, ia saber que a princesa Isabel
Tava querendo bancar de fada sensata
Maria Filipa que era arretada
Lutou contra a invasão da tropa portuguesa
Joana Angélica de Jesus
A freira assassinada com uma baioneta
Vocês nunca viram Capitães de Areia
Nunca leram livro de Castro Alves
Adora o Mickey que veio da Disney
Mas ignora todo o nosso folclore
Foda-se a mansão do astro do rock
Foda-se que o Alok vai comprar um Porsche
O problema não é esses cara tá ficando rico
O problema é o Cartola ter morrido pobre
Nem Luiz Inácio, nem o Bolsonaro
Esse fanatismo todo me deixa com medo
Vocês esqueceram do nosso passado
O problema começou com Dom Pedro I
O Quilombo de Palmares que ficava em Alagoas
Que até hoje é o estado que mais mata jovem negro
Quantos Marcos Vinícius e quantas Ágatha?
Quantos Amarildo, quantos João Pedro?
Quantos nessa guerra vai ficar ileso?
Vou liberar o refém e sair com a mão pro alto
Mas quando ele bota o pé pra fora do busão
É linchado por populares revoltado
Subi na minha magrela, fui comprar um pão
Na banca de jornal vi uma aglomeração
Estranhei pelo horário a movimentação
Senti frio na barriga tipo uma premonição
Acendi o meu cigarro sem dar muita atenção
Vou seguindo minha meta, voltando pra minha favela
Que dorme pronto pra guerra dessa sensação
Quando eu tiro o celular do modo avião
Já começo a ver milhares de mensagens no WhatsApp
Não para de vibrar um monte de ligação
Todo mundo comentando, falando da reportagem
Passando ao vivo pelo canal da cidade
Fui correndo na mesma hora pra ligar a televisão
Não dá pra acreditar que o que eu tô vendo é verdade
Meu mano dentro do ônibus com revólver na mão
Pensa que loucura, imprensa na cobertura
Esquadrão Antibomba, viatura isolando a rua
Chamava de irmão, apelido professor
Porque ia de porta em porta distribuindo leitura
O BOPE pede calma, ele não quer negociar
Não dá pra confiar nesse povo de farda suja
Lembra da ditadura? Esse tal Coronel Ustra
Matou o meu avô com maquinários de tortura
Eu falava sobre livro, mas ninguém me dava ouvido
Agora meu irmão em Cristo faz sinal de arma com a mão
O mesmo argumento defendido por políticos
Por isso eu comprei uma pra vocês me dar atenção
Tô liberando as criança, vou liberar as mulher
Machucar um inocente nunca foi minha intenção
Pode chamar de aula, pode chamar de sequestro
No final pra ser honesto todos vão ter uma lição
Eu vejo os capitão do mato tudo posicionado
Atirador do governo tem fuzil de precisão
Eu prefiro ser atingido pelo tiro do inimigo
Mas nunca pela chibata na mão do meu próprio irmão
Nóis existe há muito tempo, não existe descobrimento
Em abril de 1500 começou a exploração
Os portugueses trouxe a guarda e os padres jesuíta
Porque a cruz e a espada foi a única opção
Tu conhece tua árvore genealógica?
Nóis sofre de falsidade ideológica
Aí o playboy acha bonito tacar fogo em índio
Esqueceram do Galdino, povo sem memória
Tu sabe a vida da Anitta, acompanha o Léo Dias
Segue a dica da blogueira e os site de fofoca
Não sabe quem foi Dandara, Ciata, Maria Bonita
Então para de novela e vem pesquisar nossa história
Pra saber que os bandeirante que deu nome a essa avenida
É igual esses milícia que nóis tem aqui agora
Matou a Marielle, matou Zumbi dos Palmares
Escravizava os índios e o povo quilombola
Meus heróis nunca viraram estátua
Morreu lutando contra aqueles que viraram
Aí Bial, que se foda o que tu acha genial
Monteiro Lobato é só um racista arrombado
Olha seu menor com boneco do Thor
Loiro de olho verde segurando um machado
Imagina seu menor com um boneco de Xangô
A vizinha passando falando: tá amarrado
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Parece que o futuro tá repetindo o passado
Se fosse pra escolher um bandido de estimação
Eu preferia o Lampião e não o Flávio Bolsonaro
Eu odeio Luiz Alves de Lima Silva
Lembrado como herói em Duque de Caxias
Acabou com a revolta de João Balaio
Que matou o soldado que estuprou suas filha
Tu conhece o nego Cosme e o cara preta
João Cândido e a Revolta da Chibata?
Se conhecesse, ia saber que a princesa Isabel
Tava querendo bancar de fada sensata
Maria Filipa que era arretada
Lutou contra a invasão da tropa portuguesa
Joana Angélica de Jesus
A freira assassinada com uma baioneta
Vocês nunca viram Capitães de Areia
Nunca leram livro de Castro Alves
Adora o Mickey que veio da Disney
Mas ignora todo o nosso folclore
Foda-se a mansão do astro do rock
Foda-se que o Alok vai comprar um Porsche
O problema não é esses cara tá ficando rico
O problema é o Cartola ter morrido pobre
Nem Luiz Inácio, nem o Bolsonaro
Esse fanatismo todo me deixa com medo
Vocês esqueceram do nosso passado
O problema começou com Dom Pedro I
O Quilombo de Palmares que ficava em Alagoas
Que até hoje é o estado que mais mata jovem negro
Quantos Marcos Vinícius e quantas Ágatha?
Quantos Amarildo, quantos João Pedro?
Quantos nessa guerra vai ficar ileso?
Vou liberar o refém e sair com a mão pro alto
Mas quando ele bota o pé pra fora do busão
É linchado por populares revoltado
Credits
Writer(s): Indio, Dk 47
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