Estupro
Gestos cortam minha pele e eu fechando meu corpo
Em vão, serpenteando, aguando o gosto
Tento manter a calma pra não ficar mais fraca
O sol fica vermelho, faz minha luz opaca
Minha saia sob o céu, meu olho a marejar
Entre a morte e o mar, meu peito a trovejar
Minha saia sob o céu, meu olho a marejar
Entre a morte e o mar, meu peito a trovejar
Eu dizia que não, ele insistia
Eu trancava o portão, ele invadia
E jurava paixão
Eu gritava, mas ninguém me ouvia
Eu chamava, senhor, Santa Maria
Compaixão, tem compaixão
Eu dizia que não, ele insistia
Eu trancava o portão, ele invadia
E jurava paixão
Eu gritava, mas ninguém me ouvia
Eu chamava, senhor, Santa Maria
Compaixão, tem compaixão, tem compaixão
Eu senti medo e frio, puta que pariu
Meu mundo caiu, finge que não viu
Cláudia, arrastada pela viatura
Ela tinha nome, tinha filho, filha
Tinha uma família, mas sentiu a ira
E seu sangue clama nas ruas
Pede justiça, e eu só peço misericórdia
De quem são as balas que mataram Marielle?
Eu sei quem tá comigo, nos chamam de bandidos
Mas vão ser feridos com o mesmo ferro que ferem
Tudo o que eu sinto é ódio
Eu, Mama África
A felina indomável que corria pelos campos (caô)
Logo eu aqui (caô, cabeça e lê)
Docilizada sob o corpo tingido do colonizador
E ele gozou, sem dó e sem dor
Enquanto eu voltava de ônibus do meu trabalho (caô, cabeça e lê)
Meu tio passava a mão nas minhas pernas
Eu tinha 8 anos, ele era grande e forte
E, por isso, eu presumia que não deveria reclamar (caô)
Desde 1500 o gosto ainda é o mesmo (caô, cabeça e lê)
Invadem seu terreiro, sequestram seu povo
Metem no seu corpo
E te levam pra prestar serviço indébito (caô)
Dos navios negreiros ao gostosa que eu ouço (caô)
Enquanto eu caminho insegura pelas ruas (cabeça e lê)
Perguntando a Deus
O que é que eu fiz pra merecer esse castigo?
Me sentindo culpada ao olhar no espelho
Medindo o tamanho do meu próprio short
Tentando ser forte e rezando pra hoje ter sorte
Entre os que me gritam tesão e os que declaram paixão (caô)
Eu peço a Deus pra ter compaixão, porque (cabeça e lê)
Estupro não tem nada a ver com sexo
É uma questão de dominação
Herança da colonização (caô)
Índias e pretas (caô, cabeça e lê)
Te contariam com muita precisão
Que de um estupro nasceu o Brasil, nossa nação
Em vão, serpenteando, aguando o gosto
Tento manter a calma pra não ficar mais fraca
O sol fica vermelho, faz minha luz opaca
Minha saia sob o céu, meu olho a marejar
Entre a morte e o mar, meu peito a trovejar
Minha saia sob o céu, meu olho a marejar
Entre a morte e o mar, meu peito a trovejar
Eu dizia que não, ele insistia
Eu trancava o portão, ele invadia
E jurava paixão
Eu gritava, mas ninguém me ouvia
Eu chamava, senhor, Santa Maria
Compaixão, tem compaixão
Eu dizia que não, ele insistia
Eu trancava o portão, ele invadia
E jurava paixão
Eu gritava, mas ninguém me ouvia
Eu chamava, senhor, Santa Maria
Compaixão, tem compaixão, tem compaixão
Eu senti medo e frio, puta que pariu
Meu mundo caiu, finge que não viu
Cláudia, arrastada pela viatura
Ela tinha nome, tinha filho, filha
Tinha uma família, mas sentiu a ira
E seu sangue clama nas ruas
Pede justiça, e eu só peço misericórdia
De quem são as balas que mataram Marielle?
Eu sei quem tá comigo, nos chamam de bandidos
Mas vão ser feridos com o mesmo ferro que ferem
Tudo o que eu sinto é ódio
Eu, Mama África
A felina indomável que corria pelos campos (caô)
Logo eu aqui (caô, cabeça e lê)
Docilizada sob o corpo tingido do colonizador
E ele gozou, sem dó e sem dor
Enquanto eu voltava de ônibus do meu trabalho (caô, cabeça e lê)
Meu tio passava a mão nas minhas pernas
Eu tinha 8 anos, ele era grande e forte
E, por isso, eu presumia que não deveria reclamar (caô)
Desde 1500 o gosto ainda é o mesmo (caô, cabeça e lê)
Invadem seu terreiro, sequestram seu povo
Metem no seu corpo
E te levam pra prestar serviço indébito (caô)
Dos navios negreiros ao gostosa que eu ouço (caô)
Enquanto eu caminho insegura pelas ruas (cabeça e lê)
Perguntando a Deus
O que é que eu fiz pra merecer esse castigo?
Me sentindo culpada ao olhar no espelho
Medindo o tamanho do meu próprio short
Tentando ser forte e rezando pra hoje ter sorte
Entre os que me gritam tesão e os que declaram paixão (caô)
Eu peço a Deus pra ter compaixão, porque (cabeça e lê)
Estupro não tem nada a ver com sexo
É uma questão de dominação
Herança da colonização (caô)
Índias e pretas (caô, cabeça e lê)
Te contariam com muita precisão
Que de um estupro nasceu o Brasil, nossa nação
Credits
Writer(s): Tamara Franklin
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