Língua Morta

A língua que eu canto
Vem lá dos cafundó do mundo
Do fundo da alma de um
Caranguejo tão profundo
Quanto seu buraco na areia
A língua que eu canto
Passeia de barco pesqueiro
A rede que puxo
Vem cheia de velhos desejos
E sono pesado
Sonhos emaranhados e presos
Na linha do equilibrista
Que arrisca a vida
Cruzando de um lado pro outro
Contemplando a vista
E rindo adoidado
Não dá corda pros fatos
Quer roer os quadrados
A língua que eu canto
É dos bruxos, palhaços, incultos
Navega por cabos de aço
Embaixo de mares remotos do mundo
A língua que eu canto
Gagueja, cai, voa, se perde
No âmago, na beira, na rua
Labirinto, pele
Reação em cadeia
Canto de uma baleia leve
Leve como a letra muda de uma língua morta
Recitando ideias sem fechar a porta
Palavrões de amor
Carinho pela dor
Corações de outra cor



Credits
Writer(s): Ga Setubal, Sztu
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