Monstro

Aquele que luta com monstros
Deve acautelar-se para não tornar-se também um monstro
Quando se olha muito tempo para um abismo
O abismo olha para você
Nietzsche, Para Além do Bem e do Mal

Someday, someday
Someday, if you like to
Someday, someday
Someday, if you like to

Mais um ano passa, a farsa continua
Sou camaleão, a carcaça se habitua
Não é ter duas caras, é ter entendimento
Assim sobrevivi em um bairro tão violento

Minha carranca urbana mostra que não amarelo
Para quem rouba e espanca, se encontro, atropelo
Se estou em desvantagem, gravo o seu rosto
A cobrança traz bagagem, a vingança é desgosto

Penso se isso é um sinal de psicopatia
Contra quem é mau, eu não tenho empatia
Vi um marginal roubando a bolsa de uma tia
E vi o povo dando o pau nele e minha alma sorria

Não é normal, ligo na amiga da psicologia
Pergunto sobre o fato e ela respondia
Que eu tava me tornando o mal que eu combatia
Cadê o bom policial que eu disse que um dia me tornaria?

Someday, someday
Someday, if you like to
Someday, someday
Someday, if you like to

As leis são muito frias, aqueles moradores
Agressores do ladrão, tenho que dar voz de prisão
São trabalhadores indignados com assaltadores
Finjo que não vi a cena e mudo a direção

Quem me julga fala que eu fui omisso
O elefante tá na sala e finjo que não vi
Ser praticante da lei é o meu compromisso
Entra em conflito com tudo que na vida eu aprendi

Quantas vezes me perdi levando pro pessoal?
Esse jogo é muito sujo, um passeio no lamaçal
O dito cujo fala pra audiência dos populares
Eu tenho olhos e ouvidos em todos lugares

Tu não era o tal que iria me pegar na calada?
Seu marginal, agora é hora do tudo ou nada
Cadê sua quadrada? Tô aqui na sua quebrada
Toc-toc, bato bota, tô na porta da sua morada, ahn

Someday, someday
Someday, if you like to
Someday, someday
Someday, if you like to

Quanto mais tempo de serviço, mais pessimismo
Olhei tanto pro abismo que ele olhou pra mim
Como eu fujo disso? A maldição virou feitiço
É um muro inteiriço em um escuro sem fim

Sugaram meu sangue, o mangue de vampiros
Em troca, enfrentei gangues e trocas de tiros
Me deram uma guerra que não admite falhas
Levaram minha alma em troca dessas migalhas

O pulso e navalhas é um convite profundo
Se me expulso das batalhas, é melhor pra todo mundo
O elefante tá na sala ainda, canalhas imundos
Repugnantes defensores de vagabundos

Mas o que é repugnante contra a censura
Financiada por traficantes, não sei a cura
Continuo atuante na ruas que guerreei
Por isso, leio Dante pra entender o inferno onde pisei, ahn

Someday, someday
Someday, if you like to
Someday, someday
Someday, if you like to



Credits
Writer(s): Mathiolli Goncalves Costa
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