De cor

De cor, eu já conheço esse papo de cor
De cor, eu já conheço esse papo de cor

Não consigo respirar, o joelho do opressor
Tá no meu pescoço há muitos séculos
Genocida ganha título de colonizador
Benfeitor, um herói sem máculas

Dráculas drenaram o sangue d'África
E tiveram erigidas estátuas
O matador recebe homenagem póstuma
E quem foi morto é só um número da prática

Facínora, fanática, justiça atávica
Projeto indigesto, gesto covarde
Alto clero e linhagem monárquica
Pra garantir os privilégios nunca era tarde

Mar de gente preta cruzando um mar azul
Navios conduzidos por brancos senhores
O escarlate sangue segue e não tem recuo
O quadro do terror tem cores e valores

Valores invertidos, juízo de valor
Não tenho preconceito, tenho amigos de cor
Ah, quem curtia mesmo um negão era tua vó
Esse papo de cor, ó, conheço de cor

De cor, eu já conheço esse papo de cor
De cor, eu já conheço esse papo de cor

Esse papo de cor tem que ser de coração
Hashtags não valem nada se forem decoração
Baixe a cabeça e ponha o joelho no chão
Tá faltando decoro e sobrando condecoração

Privilégio de foro pra senhorzinho de engenho
Mão de obra escrava garante o desempenho
Alma não tem cor? A pele guarda o trauma
A igreja falou que preto nem tem alma

Vamos nos vingar pelo Quebra de Xangô, ô
O santo vai baixar, bate tambor

De cor, eu já conheço esse papo de cor
De cor, eu já conheço esse papo de cor

De cor, eu já conheço esse papo de cor



Credits
Writer(s): Vitor Barbosa
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