Miragem

Era uma estrada ao relento
Poeira de vermelho no alcatrão
Suspensos, cabos de alta ilusão
Mesmo à beira, em aurora de ponta
Pássaros e heras cobrem os muros
E de era em era despem os tubos

Nas fendas nascem cactos e vigiam lagartos
A montra encardida do pronto-a-existir

Mega-estruturas de momento e betão-alado
O semáforo é esfínge de ferro
Ferrugem que sopra o horizonte

Um peso-pluma é alma-tijolo
No arranha-céus que começa e desaba outra vez
Ali e por dentro

Alucinou assim Morfeu Babel
Anfitrião de Esparta e Tebas
Imolação de pó

Parece ser assim todos os dias na cidade volátil
Onde o tempo abrandou tanto que parou.

Nesta direção, um ciclone radiante
Vem cobrir este sítio de ausência
O vento, o vento, levanta, o vento, danado, levanta, o pó duma laje
Onde crescem as palavras

Aos ombros, ao colo, aos pés de gigantes



Credits
Writer(s): Sofia Fernandes
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