Bomba e Lenço

Sorvendo o mate bebo a vida bem vivida
O sangue verde riograndense de outras eras
As amarguras ficam doces pelas bombas
Onde o gaúcho já respira primaveras

Lenço bendito empoeirado pelas lidas
Bendito lenço que de sangue está manchado
A mancha não desonra o peleador
E mais reforça a cor do lenço encarnado

Foi num baú que eu encontrei aquela bomba
Era de alpaca sem ponteira e amassada
Olhei um trapo que num canto se escondia
Era o lenço do avô que estava ali guardado

Lembro do avô a matear nas madrugadas
Contava causos que com ele aconteciam
Vi nesta bomba o avô que me ensinava
A ser gaúcho e ter no lenço a honraria

Bomba e lenço quero ter junto comigo
Quando matear a beira de um fogão na aurora
Para sentir o mesmo gosto que sentia
Aquele velho que não tenho mais agora



Credits
Writer(s): Milton Julio Sica Magalhaes
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