Bichos da Madrugada

Os bichos não se submetem
Se aquietam, se adequam
Entre as grades da prisão
É que esses vivos mortos se alargam, crescem
Na barganha da feição

Seria audácia meus peito de farmácia?
Atualizando a criação
Seria audácia brincar em minha carcaça?
Carne em revolução

Os bichos multifacetados, múltiplos
Mutilados pela faca do desejo, ui
É que esses mortos vivos vão pra todos os lados
Muito além do que eu vejo

Seria audácia meus peito de farmácia?
Atualizando a criação
Seria audácia brincar em minha carcaça?
Carne em revolução

É, me responda aqui, ó, me responda

Se eu sou a imagem e a imagem não me alcança
Como é que eu sou imagem e semelhança?
E ota', se eu sou a imagem e me falha a temperança
Haveria verossimilhança?

E se meu corpo é templo como há tempos a andança
Do meu corpo ruma pra nuança?
É que se meu corpo é templo
É templo de minha própria instância
Nosso corpo é templo da mudança!

Seria audácia meus peito de farmácia?
Atualizando a criação
Seria audácia brincar em minha carcaça?
Carne em revolução



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