O Copo

Aprendi a gostar do inverno:
me esconder de tudo, até de mim
Acho que só assim é que a gente se descobre por inteiro

Descobri a real função do capuz do casaco:
Serve como se fosse um buraco
mais fundo em que poderia entrar,
Mas ainda não é hora de me enterrar
Pois ainda sinto medo de ir embora
Sem nada no meu legado plantar

E meu copo se enche, quase sempre
Com as águas que vão brotando
Como de um rio, uma nascente
Nascente de dor que parece não cessar

O copo enche, eu transbordo
Não é de aguardente, é de líquido inodoro
Mas é salgado, vem dos olhos

E quando transborda o copo,
Chega a hora de esvaziar
Eu choro, ele seca.
Começa a encher novamente,
As águas vêm em uma crescente
Que parece que não vão secar

Eu quase imploro que ele seque de vez
Para que eu possa, mais uma vez,
Viver o sorriso sem faz de conta,
Sem que eu responda a falta que um abraço faz.
Aprendi a gostar do inverno,
Pois nele, eu confio e espero
Que meu copo não se encha mais.



Credits
Writer(s): Bel Correia
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