O Homem em Frente à Rodoviária

O homem em frente à rodoviária
Tinha medo de se perder
Sentia-se seguro ali
A ver camionetas sair
Ele era o único que nunca partia

Passava as horas do dia
De todos os dias a ver gente encamionar
Se rugas no rosto tinha
Eram todas falsas, feitas de tédio, do médio assédio à vida
Talvez uma real, mas cicatriz

Sua amante gabava-lhe os pelos
Até os das costas largas
Onde se afixam letreiros
Com o melhor do vernáculo
E desse até lhe deram bastante
Da descendência à macheza
Ora bovino, ora caprino, canino, suíno
E o grande coçador de esquinas

O homem em frente à rodoviária
Era um grande artistão
Sabia de tudo
Como qualquer outro
Palrador de televisão
E tinha ideias esclarecidas
Da vida noutros países
Porque conhecia alguém que lá tinha
O vizinho do amigo da tia

Ai o homem da rodoviária

Na segurança rodoviária
Era um grande sabichão
Como enfrentar
E até mesmo fintar
Um louco em contramão
Mas qual camioneta desgovernada
A vir em seu sentido
Nem deu por ela e foi atropelado
Por um desses tuk-tuk
Tuk, tzzz, pum, tzzz, tuk, tzzz, pum



Credits
Writer(s): Carlos Filipe Prata
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