Drenar

a fruta que cai mais longe da árvore apodrece mais verde
vida e tela, psicossomática alegria.
viver tão banal não condiz com o tempo
mas não há oxigênio que preencha esse coração.

todas as loucuras impressas, eu preso no museu do ontem,
até parece um engano - minha língua avessa,
meu colirio de pimenta faz ver um mundo mais lindo.
de tudo mais doce no buraco da lua.
minha cabeça vira mingau de proeminências
quando jogo memórias no fogo.

nos sonhos, o mesmo doce
no gosto do mesmo dia
do mesmo dia
e é o certo pelo certo
o nada e o direto
e o que é que eu sei?
eu nada vi, eu nada vi, caí em mim e fui assim.

saio da vida pra cair na história
e pulo pela janela num outro lado da rua.
no rádio-motor um morto uivando no mar.
só eu posso pensar se deus existe,
chorar quando estou triste, se o mal resiste a pensar
e eu cá com meus botões de carne e osso
eu falo e ouço
eu penso e posso e peço, passo uma peça e no pulso uma reza.

calculando os litros em mim na hora de afundar
e o peso afunilando o corpo ao naufragar
o viver é nada prático - drenando as dissidências
e as ressonâncias de um só lunático.



Credits
Writer(s): J.p Schwenck
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