Baião da Muda

Quem que se deixou amordaçar
E aí se foi sem reclamar
Sem dizer sim nem que não

Quem que avoou sem nenhum pio
Foi lá pras bandas de outro rio
Ave de arribação

Foi, emudeceu o meu olhar, secou até a água do mar
Calcinou a plantação, fez uma usina da ilusão
Incendiou meu coração, quase virei sertão

Tem que se saber dançar pra poder aguentar esse rojão
O baião era de dois, mas o que Deus dispôs se mexe não
E se a alpercata esfolar bem no meu calcanhar não me faz mal
E nem precisa Band-Aid que eu sempre curei de água e sal

Chora meu acordeon!

Foi, Orunmilá ajuda
Oi, o meu Baião da Muda é
De desfazer nó
Dança que eu fico melhor

Faz, como se faz num samba
Mais! Como se faz num ijexá
Quase um xirê que só
Mora no meu forró

Quem que viu o chão enlamear
E escolheu não enxergar
Tornando lodo seu pão

Quem, que apesar do arrepio
Fez moradias de vazio
Chão sem sustentação

Quem sentiu o pé não aguentar
E procurou se equilibrar
Numa alucinação

Quem que fez de lixo seu cajado
E desabou arrebentado
Em plena escuridão

Tem que se unir e juntar todo o povo de cá nessa aflição
Todo baião que é de dois se transforma depois em multidão
E Olorum vai mandar pela aranha do ar transformação
Ar, me ajude a firmar o Ifé terra e mar, camaleão

Chora meu acordeon!

Foi, Orunmilá ajuda
Oi, o meu Baião da Muda é
De desfazer nó
Dança que eu fico melhor

Faz, como se faz num samba
Mais! Como se faz num ijexá
Quase um xirê que só
Mora no meu forró
Mora no meu forró



Credits
Writer(s): Nei Braz Lopes, Aldir Blanc Mendes, Moyseis Tiago Leite
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