Tecto Na Montanha

Num lugar ermo, só no meu abrigo
Aí terei meu tecto e meu postigo
De longe em longe, à luz das madrugadas
Duas camisas, quem não tem lavadas?

Aí serei meu dono e companheiro
Dizei, amigos, se não sou solteiro
E se eu morrer, o tecto que não caia
Porque um mendigo dorme de atalaia

Aí serei meu dono e companheiro
Dizei, amigos, se não sou solteiro
E se eu morrer, o tecto que não caia
Porque um mendigo dorme de atalaia

De quando em quando chamo o perdigueiro
Dizei, amigos, quem chega primeiro
Aí terei meu poiso à luz da veia
Aí verei o sol duma janela

Aí serei meu dono e companheiro
Dizei, amigos, se não sou solteiro
E se eu morrer, o tecto que não caia
Porque um mendigo dorme de atalaia

Aí serei meu dono e companheiro
Dizei, amigos, se não sou solteiro
E se eu morrer, o tecto que não caia
Porque um mendigo dorme de atalaia

Tenho uma trompa, tenho uma cascata
Tenho uma estrela no bairro da lata
Olha o mar alto, olha a maresia
Olha, a montanha vem rompendo o dia

Aí serei meu dono e companheiro
Dizei, amigos, se não sou solteiro
E se eu morrer, o tecto que não caia
Porque um mendigo dorme de atalaia

Aí serei meu dono e companheiro
Dizei, amigos, se não sou solteiro
E se eu morrer, o tecto que não caia
Porque um mendigo dorme de atalaia



Credits
Writer(s): José Afonso
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