Cicatriz

Sentou no ruge, rasgou
Costurou, nem se molhou, fitou
Só de lado observando
Ficou por horas e horas
Mergulhou
Num pulo sumiu
Pro espanto de quem viu
Surgiu bufando pela boca
Mais bonito que rancor
A verdade de uma dor
Os corpos falam
Brisa na horizontal
Sombras que abalam
Fico aqui no meu cantinho
Observando o assunto
O balanço das folhas
A natureza é assim
Farejou, lambeu a pedra
O cheiro do ladrão, correu por terra
Com o rabo entre as pernas
Marejou o brilho no olho dela
A pólvora pipoca a luz
No chão, de um lado pro outro
Sermão do cão
O pano molhado na mão
Subiu, da testa o sal na boca
Do outro lado nasce hoje
Não adianta já é manhã
Baixando a poeira, a mangueira
É preciso varrer, não desisti não
Só tô dando um tempo
Bateu no acalento
Faz fila no caminho
Choveu levou vento
Malhou o pano com o pau
Correu sem olhar pro chão
Foi presa não fácil
A hora chega enfim
Da alma pelo pescoço
Se debateu, tentou fugir
Seu giro mortal, faltou ar
Não adiantou
Afogado nas bolhas
A natureza é assim



Credits
Writer(s): Chiquinho Moreira, Zé Cafofinho
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