Sem Selo
Não me agarrem
Tenho que mandar isto cá 'pa fora
Não me controlem
Só quero ser eu
Há uma fúria que me acolhe
E nem fui eu que a chamei
Por mais que tente, ela não dorme
E eu nem sei se acordei
Torrentes fluem da barragem
E nem sequer abri comportas
Espectros surgem com bagagem
Loucos de malas à porta
Pisam a minha liberdade, ya
O bom-senso não é p'ra todos, na
Assombram-me a luminosidade, ya
Parece que o sol já se pôs
Dentro de ti, ó cidade
Grândola mas não é de hoje
Vila morena, há tempestade
Se 'tou 'ca neura, já foste
Sinalizo o estado hermético
Dessa gente que sufoca
Chega até a ser patético
Mas 'memo assim não se toca
Farto de vínculos impostos
Penso até fazer batota
Se não vai lá com encostos
Aguçarei o bico à bota
Se o céu assume formas estranhas
Viris flui-me das entranhas
Entretanto nem te amanhas
'Ca força dos impropérios
E se o luto que me arranha
Me soa a marca de aranha
Repudio essa barganha
Expilo o veneno do império
Não quero esse selo herdado
Eu sou só mais um soldado
Mais uma luta que ganho
Renuncio ao meu passado
Eu sou a prova viva
Que os mortos também cá andam
E se o eco de uma voz
Faz com que a vida prevaleça
Então vivo com vontade
Não vivo porque me mandam
E a voz que em mim ecoa
Será eterna com certeza
Posso ser a ovelha negra
Comentada pelas costas
Se o rebanho não interessa
Pasto na direção oposta
Posso não ser ingrato
Mas há cenas com limites
Ruminar no 'memo prado
Dá-me a volta aos intestinos
Então berro doutra forma
Então solto o nó da corda
Na garganta o nó arranha
Mas não é um nó de forca
Deixem-me viver em paz
Deixem-me longe do estandarte
Posso ter os pés na Terra
E viver num mundo à parte
Não quero selos de linhagem
Só quero andar 'pá frente
Não é porque aparentam
Que são amigo ou parente
Aqui vai tudo a pente zero
Corto o mal pela raiz
Conta pode 'tar careca
E a compor eu sou feliz
Não quero esse selo herdado
Eu sou só mais um soldado
Mais uma luta que ganho
Renuncio ao meu passado
Tanto tempo enclausurado
Numa teia de toxina
Agora sem estar enfrascado
Querem privar a minha vida
Nem por sombras eu me deixo
Arrastar para a chacina
Lutarei com toda a força
'Pa que a alma seja minha
'Pa que o mal não venha ao de cima
Eu dou o melhor de mim
No núcleo reside a mina
Saltei das trevas 'paqui
Não 'tou a pregar doutrinas
Só a podar o jardim
Rosas negras não me faltam
Mas também sangram carmim
A premissa do carrasco
Não me deixa tenebroso
Quem tenta meter o saco
Habita na sombra do outro
Mas sou eu que ensaco sombras
Soco tudo até 'tar morto
Se esta letra os afronta
Não fui eu que nasci torto
Sou quem ouve e sente tudo
Mas passa a marca do muro
Posso-me fazer de surdo
Mas jamais ficarei mudo
'Cos sentidos apurados
Faço tudo 'pa filtrar
Podem achar que são dourados
Mas estão longe de brilhar
Não quero esse selo herdado
Eu sou só mais um soldado
Mais uma luta que ganho
Renuncio ao meu passado
Não quero esse selo herdado
Renuncio ao meu passado
Tenho que mandar isto cá 'pa fora
Não me controlem
Só quero ser eu
Há uma fúria que me acolhe
E nem fui eu que a chamei
Por mais que tente, ela não dorme
E eu nem sei se acordei
Torrentes fluem da barragem
E nem sequer abri comportas
Espectros surgem com bagagem
Loucos de malas à porta
Pisam a minha liberdade, ya
O bom-senso não é p'ra todos, na
Assombram-me a luminosidade, ya
Parece que o sol já se pôs
Dentro de ti, ó cidade
Grândola mas não é de hoje
Vila morena, há tempestade
Se 'tou 'ca neura, já foste
Sinalizo o estado hermético
Dessa gente que sufoca
Chega até a ser patético
Mas 'memo assim não se toca
Farto de vínculos impostos
Penso até fazer batota
Se não vai lá com encostos
Aguçarei o bico à bota
Se o céu assume formas estranhas
Viris flui-me das entranhas
Entretanto nem te amanhas
'Ca força dos impropérios
E se o luto que me arranha
Me soa a marca de aranha
Repudio essa barganha
Expilo o veneno do império
Não quero esse selo herdado
Eu sou só mais um soldado
Mais uma luta que ganho
Renuncio ao meu passado
Eu sou a prova viva
Que os mortos também cá andam
E se o eco de uma voz
Faz com que a vida prevaleça
Então vivo com vontade
Não vivo porque me mandam
E a voz que em mim ecoa
Será eterna com certeza
Posso ser a ovelha negra
Comentada pelas costas
Se o rebanho não interessa
Pasto na direção oposta
Posso não ser ingrato
Mas há cenas com limites
Ruminar no 'memo prado
Dá-me a volta aos intestinos
Então berro doutra forma
Então solto o nó da corda
Na garganta o nó arranha
Mas não é um nó de forca
Deixem-me viver em paz
Deixem-me longe do estandarte
Posso ter os pés na Terra
E viver num mundo à parte
Não quero selos de linhagem
Só quero andar 'pá frente
Não é porque aparentam
Que são amigo ou parente
Aqui vai tudo a pente zero
Corto o mal pela raiz
Conta pode 'tar careca
E a compor eu sou feliz
Não quero esse selo herdado
Eu sou só mais um soldado
Mais uma luta que ganho
Renuncio ao meu passado
Tanto tempo enclausurado
Numa teia de toxina
Agora sem estar enfrascado
Querem privar a minha vida
Nem por sombras eu me deixo
Arrastar para a chacina
Lutarei com toda a força
'Pa que a alma seja minha
'Pa que o mal não venha ao de cima
Eu dou o melhor de mim
No núcleo reside a mina
Saltei das trevas 'paqui
Não 'tou a pregar doutrinas
Só a podar o jardim
Rosas negras não me faltam
Mas também sangram carmim
A premissa do carrasco
Não me deixa tenebroso
Quem tenta meter o saco
Habita na sombra do outro
Mas sou eu que ensaco sombras
Soco tudo até 'tar morto
Se esta letra os afronta
Não fui eu que nasci torto
Sou quem ouve e sente tudo
Mas passa a marca do muro
Posso-me fazer de surdo
Mas jamais ficarei mudo
'Cos sentidos apurados
Faço tudo 'pa filtrar
Podem achar que são dourados
Mas estão longe de brilhar
Não quero esse selo herdado
Eu sou só mais um soldado
Mais uma luta que ganho
Renuncio ao meu passado
Não quero esse selo herdado
Renuncio ao meu passado
Credits
Writer(s): Kara Mc
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