Censura

E o galo cantou: parafal, logo cedo
O show no jornal, logo cedo
Violência policial, desespero
Não saia de casa tão cedo

Proteger à quem? servidores do medo
Destruindo lares criados com zelo
Modernos navios blindados negreiros
Exposto na farda do Estado o segredo

No condomínio só jovem, estudante
Na favela é bandido, traficante
Nas boates chique, elegante
Nas esquinas luzes ofuscantes
Estrela cadente ou só mais um traçante
No canto da sala uma reza distante
Mais uma bala cravada na estante

Cultura filtrada, raiz da censura
Menores de idade assistindo a torturas
A verdade manchada de sangue nas ruas
No retrato falado só peles escuras

Cultura filtrada, raiz da censura
Menores de idade assistindo a torturas
A verdade manchada de sangue nas ruas
No retrato falado só peles escuras

Meu mano tinha 18 morreu sem culpa em guerra de facção
Um outro com 23, rodou na fuga sem perdão
Duas histórias, dois becos sem saída
Duas familias que choram no mesmo quarteirão
Ser culpado ou inocente não muda essa guerra esse é o X da questão

Cultura não chega, esse é o X da questão
Saúde não chega, esse é o X da questão
E quem deveria vir nos proteger
Quando chega esculacha, então pega a visão
Vida censurada, alegria ceifada
E quem assina embaixo tem sangue nas mãos

Cultura filtrada, raiz da censura
Menores de idade assistindo a torturas
A verdade manchada de sangue nas ruas
No retrato falado só peles escuras

Cultura filtrada, raiz da censura
Menores de idade assistindo a torturas
A verdade manchada de sangue nas ruas
No retrato falado só peles escuras



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