Auxílio Emergencial do Rap

808 Luke

Preciso fazer as pazes com Kurama
Me desconectar do medo pra que não vire karma
Silencioso igual ausência paterna em Dia dos Pais
Isso pra mim ainda é gritante como barulho das armas

No país que elegeu o capeta pra brincar de exorcista
O tempo não parou pra nóis, tipo taxista
Pensando alto igual hipoteca em Ipanema, e a melhor vista
É enxergar além da crista da onda dos embalista

Sobrevivendo a geladeira tipo tribo Jabari
Não vendo nada mudar, tipo TV com controle sem pilha
Pique TETRIS, conectei as melhores barras
Pra fazer o céu mais azul, como as cores de Stanley Williams

Silvio Almeida: pelo direito não direita
Vários na espreita quer os nosso morto ou membro de gangue, é
Nossa bandeira jamais será vermelha
E os autores dessa frase pintaram ela de sangue

Ainda caneto inspirado em Rakim, Big Daddy Kane
Quero uma casa pra minha mãe
O dobro que do eu quero um Grammy
O dobro do que eu quero Ammy
Um Oscar, um BET, um Cannes, Miaw MTV

Olhares colocam os nossos no banco dos réus
Agências pagam fortunas pra brancas postarem Reels
Esquecem do gueto, na publicidade que eu lembro
Essa amnésia só tem fim quando chega o mês de novembro

Todos mares de lágrimas que me afundei
Me ensinaram a ser mais profundo e se desapegar do raso
Aprendi a enxergar melhor pique Iruka Sensei
Sem distrações com outros jardins
E mais cuidado com meu próprio vaso

Eu vi a minha rua de terra virar asfalto
O coração de algumas pessoas virarem concreto
Cidade de pedra, construíram muros
No meio da ponte que ligava empatia e afeto

Eu vi uma arma antes de conhecer um versículo
Um corpo baleado antes de aprender a ler, é
Uns vinte não ao entregar o primeiro currículo
Sobre tua opinião: vai se foder ela e você!

Tô cheio disso, como a Sé em plena pandemia
Minha bic em forma, ritmo e poesia!
Ser astro é pouco, quero ser o sol do meio-dia
Impossível de não sentir o calor da minha energia

Esses rappers fracos lembram iPod em 2006
Mas daqui 1 mês perderão o valor, é claro!
Já nóis? É vinil em 86, era barato e ao passar do tempo
Foi ficando raro e caro

Rima cirúrgica, em plena operação
Trazendo fôlego pra cena que anda sem respiração
Quem antes da COVID já usava máscara
Não precisa revelar agora que você é um cuzão!

Hey, Stephen Curry, de longe eu acerto alvo
Cuidem do Fredo, mantenha os negócios a salvo
Brasil em um loop de Odorico Paraguaçu
Sem perceber tacando dardos na própria testa de alvo

É e até parece que tomei um doce (luzes)
Essas mudanças tem me excitado
Mas dessa vez não vou fuder com tudo
Vivo a chance como fosse a última pussy ao eu ter penetrado

Suas falas tem veneno, ala Sonserina
Preciso de puxa-saco, como uma pedra na urina
Se não acredita em Deus, por que escuta minhas rima?
Se quer acredita em Deus, então escute minhas rima!

Minha palavra é uma oração, meu amém chama boombap
As ruas falam com nóis, não precisamos de palanque, é
Esperar que eu abandone o Rap
É o mesmo que esperar um show do Ferrugem no Afro Punk

Vários culpam o diabo, eu fugi do inferno
Vendo quem se faz de anjo tentar me queimar, ahn
Doana Bovor, cêis podem brinca de Eternos
Se o mundo fornece a corda, você escala ou vai se enforca?

Quebrem-se os grilhões, nóis queremos grillz
Nossas contas com milhões, e eu nem falo de views
Tá no piloto de um Porsche Cayenne não um Renaut Clio
Residir no melhor lugar, como reside um Diu

Eu vim de Osasco terra do hot-dog
Agora lê dog ao contrário, e saiba como eu me sinto e sou
Ninguém me corta, eu cumpro o meu papel
Por isso é só pedrada no meu Jokenpô

A benção aos pioneiros, qual quer fita me de agô
Escrita afiada, como o Machado de Xangô
Uma linha pra cada rapper limitado nas track
Podem chamar essa aqui de Auxílio Emergencial do Rap!



Credits
Writer(s): Gustavo Vinicius Gomes De Sousa, Lucas Borges De Souza
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