Etelvina - SG Gigante

Eu durmo sozinha à noite
Vou dormir à beira rio à noite, à noite
Acocorada com o frio à noite
À noite, à noite, à noite

No silêncio da noite
Guerreiras dormem com a foice
Porque o pai nosso foi-se
Embora oiça súplicos
Jesus Cristo, tua morte ainda hoje dói

Inferno na terra não mata, mas mói
Mata, mas mói
Quantas Etelvinas viraram capas da Playboy, boy?

A vida é pa' soldiers
Quando te dão job, há blow
Não há mar de rosas, you know
A vida fez de ti uma hoe (hoe, hoe, hoe, hoe)
Será que Deus existe ainda hoje? (no, no, no, no)

Yeah
Ahm, yeah

No socorro duma oração
Deus nunca desce ao rés-do-chão
Sabes quantas Etelvinas são?
Invisíveis para a multidão

Mulheres que a rua pariu
Mulheres que o mundo não viu
Dormem sozinhas à noite, ao frio, à noite
Mulheres de coração vadio, hey

Trazem histórias de outras vidas
E são aqueles que tudo suportam
Procuram amor perdido em homens
Que apenas vêm e nunca voltam

É nessas essas esquinas e ruas
Nesses becos e vielas
Que elas colhem tempestades, ahm
Porque essas ruas são delas

Eu vim da estrada, da morada
Que nem Deus nem o Diabo desenhou
Fui eu quem fez
O caminho escrito a sangue e a suor
Como que a derramar amor

E se tombar, eu sei
Fiz o perdão e a lei
Com que caio, e levanto
E tropeço no encanto de ser como sou
Se o diabo me amou
Deus me recriou

Eu durmo sozinha à noite
Vou dormir à beira rio à noite, à noite
Acocorada com o frio à noite
À noite, à noite, à noite

Yeah, ahm

E nessa estrada moram filhas
Tantas mães abandonadas
E a calçada chora vidas
Que 'tão p'ra sempre hipotecadas

E quem as afaga?
Se tudo aparenta ser tão pouco luzidio
E quem as salva?
Quem as acalenta numa noite à beira-rio

Tanto preconceito que emana de todo
E qualquer um que por ali passa
E é quando Deus as rejeita
Que elas sabem que o Diabo as abraça

Vivem com os demónios à noite, à noite, à noite
E dormem sozinhas à noite, à noite, à noite

Tu não pediste p'ra nascer, mas alguém te pariu
O azar te saiu da rifa a vida não te sorriu
Levaste uma vida com bué de sal e caril
E quem te subestima tem o crânio vazio

Vives um desafio
Tua vida é um drill
E eu juro que já vi cá mil
E tu és a única real
Graças ao skill
Fizeste do pão de ontem macio

(Queen) única palavra que o teu nome define
Falar de guerreiras sem ti é um crime
E eu que imagino, vejo teu caminho
Comida na mesa p'ra ti é um big dream

Tu és a humildade em pessoa
Vitória é o teu nickname
Quando a vida magoa, superas
Sou fã do teu big brain

Vou dormir à beira-rio, à noite (ô-ô-ô-ô-ô)
À procura do confim, à noite (ô-ô-ô-ô-ô)
Vou dormir à beira-rio, à noite (ô-ô-ô-ô-ô)
À procura do confim, à noite (ô-ô-ô-ô-ô)

Ai, la ri lai, lá
Lai, la ri lai, lá
Ai, la ra ra
à ãhm



Credits
Writer(s): Sergio De Barros Godinho
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