O Labirinto

Pra desagradar
é só contar tudo
E num conto de fadas
De uma terra distante
Um andante esquerdo
inventa um errante destro
E na morte do esquerdo
O destro o ressuscita
Simbiose estranha
pra vida inteligente
Viventes iguais
em lados opostos
Cada qual ao seu jeito
criando os seus monstros
E os excrementos no início
não são expostos

Fogo baixo
retrocesso cozinhando
E a armadilha de ambos
segue se armando
E pro meio do lodo
vão te empurrando
E alegremente
te empurram dançando

E na dança bizarra
proposta por ambos
Um casulo escuro
vai se fechando
E aprisionam novos
Errantes e andantes
Alguns bem ingênuos
outros pensantes
Os primeiros defecam
os segundos se agitam
Os primeiros gargalham
os segundos vomitam
Outros poucos no meio
indiferentes, indecisos
Os que não vão pra manada
ficam sozinhos

Fogo baixo
retrocesso cozinhando
E a armadilha de ambos
Segue se armando
E pro meio do esgoto
vão te empurrando
E alegremente
te empurram cantando

E sem ar disponível
num espaço restrito
Excremento anaeróbio
pressão, atrito
Vão subindo paredes
desencontradas
Onde direita e esquerda
são escolhas forçadas
Pelo errante e o andante
desse conto de fadas
Conduzindo a caminhos
de saídas vedadas
E nessa terra distante
sem futuro e sem passado
A conclusão que se chega:
o labirinto não tem lado

Fogo baixo
retrocesso cozinhando
E a armadilha de ambos
Segue se armando
E pro meio da merda
vão te empurrando
E alegremente
te empurram sarrando

O labirinto não tem lado.
O labirinto não tem lado
O labirinto não tem lado.
O labirinto não tem lado.



Credits
Writer(s): Christiano Raynor
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