Guerra-Fria

Não há que censurar
Só largando resolvia, desamor-monotonia
Para quê deixar pousar?
Se no antro dos segredos só Deus sabe o que sofria
Enquanto ele continha
A amargura do silêncio arrastado e sem valor
A dor nos lábios secos
Vivências disfarçadas, mais um verão, mas sem calor

Pode haver amor assim, em que ninguém se quer
Pode haver amor assim
Pode haver amor assim, em que ninguém se quer
Pode haver amor assim

Foi bem escolhida a hora
Ainda que nestas coisas tudo fique em suspenso
Não perde só quem chora
Prova disso é tempo mal perdido na demora
O "Só" já mal se ouvia
E ela no fim da rua, chuva acaba com o silêncio
Por dentro estremecia
O mundo do seu lado transformou-se em guerra-fria

Pode haver amor assim, em que ninguém se quer
Pode haver amor assim
Pode haver amor assim, em que ninguém se quer
Pode haver amor assim

Deixou pra alguém o peso
Um filho no baloiço sem ninguém para o apanhar
No tempo da ilusão
Nunca largava o lenço (disfarçava o seu chorar)
A mãe já não regressa
Saiu para deixar paz, amor por vezes é largar
Promessa ou conversa?
Deixou cair no tempo a tentativa de acertar

Pode haver amor assim, em que ninguém se quer
Pode haver amor assim
Pode haver amor assim, em que ninguém se quer
Pode haver amor assim