Terno com Ninguém Dentro

Eu queria ser ator
Mas o ato se atrasou
E agora levo uma vida de farsante
Farto de infartar
O relógio me domou
E está sempre a me roubar o instante

Eu sou um impostor
Num mundo de isopor
O que se há de supor
Eu sou um impostor

Nesse imenso labirinto de escritórios
Em algum lugar eu sei
Que há uma gaveta
Perdida e esquecida
Dentro da qual existe

Um emaranhado de objetos
Velhos, belos, sujos e obsoletos
Que juntos contém mais vida
Do que tudo mais que os rodeia

Inclusive eu e você
Senhor Terno com ninguém dentro

Tentei fugir, tentei sumir
Tentei escapar pela válvula de escape
Eu tentei fugir pelo cano de escapamento
Tudo que encontrei
Foi um bode expiatório

A pior dor é a que se sofre pra dentro
A pior dor é a que se sofre pra dentro

Eu fui trabalhar um dia
Não via que estava morto
Vendendo meus sonhos
Pra comprar conforto

Eu fui trabalhar um dia
Não via que estava morto
Vendendo meus sonhos
Pra comprar conforto



Credits
Writer(s): Bruno Arceno, Juarez Mendonça Júnior, Julio Victor, Taro Löcherbach
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