Sereia

a doença silencia
num canto qualquer do corpo
que tomou por moradia
pouco a pouco, mas eu canto

o acidente grita
que a vida é só por enquanto
no canteiro da avenida
corre o sangue, mas eu canto

com minha voz de naufrágio
adágio que não se ensaia
atraio esse barco frágil
para bem longe da praia

e quando ele vem chegando
para bem perto de mim
passam horas que são anos
se aproximando do fim

mas se houver uma saída
e se ela se oferecer
entre a vida que revida
na que ainda vai nascer

e a morte que dá medida
pra cada desfalecer
bem-vinda e bem-despedida
eu posso deixar de ser

essa sina prometida
para apenas deixar ser
e envelhecer em seguida
como tudo que viver

na beira da maré cheia
silenciar a sereia
sentir os meus pés na areia
e esperar amanhecer



Credits
Writer(s): Franklin Tshimini Nsombolay Kembia, Arnaldo Augusto Nora Antunes Filho
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