D Camila I

Chegou a vez de te conhecer.
Sei que era noite, num Dezembro frio.
Encolhida, triste, a adormecer,
estavas bem escondida, mesmo no vazio.
Senti o teu medo,
a esconder um segredo.
Achavas-te culpada
de ter sido abandonada.
Achavas-te perdida,
sem perceber a vida.

Chegaste calma, mas insegura,
vinhas para mudar a nossa vida.
Inveja e medo, tudo à mistura,
sem impor limites, na mesma medida.
A cada um de nós,
cantaste a tua voz.
No teu jeito de amar,
que hoje nos faz chorar.
No teu jeito de olhar,
que nos faz soluçar.

Foste tu quem me fez ver,
assentada a poeira,
que outros viriam.
Eis a Dona Camila I.

Disseram que tinhas de ir embora,
e a pequena virou gigante.
"Porquê a ti? Porquê agora?"
Minha estrela mais brilhante.
Do teu perfume,
fica o bom ciúme.
Vulnerável e tão forte,
e nós com tanta sorte,
do toque especial
e o amor imortal.

Foste tu quem me fez ver,
assentada a poeira,
que outros viriam.
Eis a Dona Camila I.