Água Doce

Passatempo alheio
Folha-verde desbravei
Nesse trilho tão bem
Mas eu não me encontrei
Desse marco eu não vejo
Luz que se almeja
Tou na sombra que eu espelho
Eu não me vejo
Não me vejo, não
Não me vejo, não
À volta toda a saturação
Dois olhos em fuga-coração
E pedras-mil fazem-se chão
Num verde vivo de vulcão
Onde eu me pasto é onde eu não vou
Onde é que fico no louvor?
Caminho é perigo, fio-condutor
Para cantar fado ou soltar dor?
Passatempo alheio
Folha-verde desbravei
Nesse trilho tão bem
Mas eu não me encontrei
Desse marco eu não vejo
Luz que se almeja
Tou na sombra que eu espelho
Eu não me vejo
Não me vejo, não
Não me vejo, não
À volta tudo é complicação
Desvanecendo com a razão
Dou passos firmes em direção
A quem os conta, quantos são?
Eu fiz do medo sangue em mim
Não sei se fique ou fuja daqui
Cá dentro a dança é só comigo
O trilho em mim é labirinto
A pele que treme na pequenez
Cascata-choro que se fez
Tudo é reflexo dessa tez
Minha água doce tem sal, não vês?
Eu fiz do medo sangue em mim
Eu fiz do medo sangue em mim
Eu fiz do medo sangue em mim
Eu fiz do medo sangue em mim



Credits
Writer(s): Frederico Ferreira, Maria Miguel Bentes
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