A Lô

Amarro meu peito num poste apagado
De lado um pedaço de gente
Vejo por dentro, me olho de costas
Prudente, semente, doente

O homem que mata é o homem que mente
O homem que cata é que sente
Vidro de carro arrebenta e cai diferente
Sai de repente
Bico de pomba me esquece
De noite amanhece durante o assunto

A casa tá cheia de gente por todos os cantos
De plantas e santos
A boca tá cheia de dente
Mandando um alô para toda essa gente

O índio se esconde no meio do mato
No pé da palmeira chorando a madeira
Todos caminham sempre o mesmo passo cansado
Sem beijo e abraço

Amarro meu peito num poste apagado
De lado um pedaço de gente
Vejo por dentro, me olho de costas
Prudente, semente, doente

O homem que mata é o homem que mente
O homem que cata é que sente
Vidro de carro arrebenta e cai diferente
Sai de repente
Bico de pomba me esquece
De noite amanhece durante o assunto



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