Cacos

Quando eu dormia a casa ardeu
Incauto o meu sonho aqueceu
E o ser vago deixou o ser
Na vaga de fogo só o vago soube viver

E o céu curvou-se para tocar o chão
Abjeto, o teto foi de arrastão
E preso, rebaixo-me à sina de um corcunda
Talvez se o teto cair a cura seja fecunda
Talvez se o teto cair a cura seja fecunda

Amor, sabes tão bem que passaste ao lado
E a minha morte não importa se há futuro no teu passado
Mas deixo a ausência para a vida que não se quis
Foi de cacos que eu me fiz

Fui jogar póquer com os chacais
Por mesa o gozo dos demais
E a tua lógica de queimar tudo sem certeza
Só não deita fogo à ruína desta mesa

Dizes que a razão está fora de moda
E que tens a paz que não tens à boleia de uma foda
E de inteiro já só tens o meu sofrer
Amor, antes de ganhar tens de saber perder
Amor, antes de ganhar tens de saber perder

Amor, sabes tão bem que passaste ao lado
E a minha morte não importa se há futuro no teu passado
Mas deixo a ausência para a vida que não se quis
Foi de cacos que eu me fiz

O escuro da vontade
Fez-se luz por compaixão
Muros de quatro acordes são
Cabelos de Sansão
O escuro da vontade
Fez-se luz por compaixão
Muros de quatro acordes são
Cabelos de Sansão
De Sansão
De Sansão

A casa está a arder
Mas ninguém se incendiou
Mais uma volta
Mais uma volta

Foi de cacos
Foi de cacos



Credits
Writer(s): Mateus Carvalho
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