Noite

Três, quase quatro da manhã
E ainda não dormi
A companheira insônia
Insiste, não quer se distrair

Apaguei a última guimba
Que cabia no cinzeiro
No leito o lençol
Por inteiro desfeito

Mas meu estoque de orações
Está prestes a esgotar
Pela fresta o vento
Ah! Esse persistir em soprar

Seu hálito amargo
Quase que abaixo de zero
Meus olhos dopados
No pior dos pesadelos

Mas quando a noite parece chegar ao fim
Um imenso vazio surge em mim
Como um vale deserto assombroso
Sombrio como os olhos da noite
Sombrio como os teus olhos

Assisto pela porta
Uma sombra morta entrar
Tímida e alheia
Não sabe o que vai encontrar

Entre os anéis a alma
Começa a escorregar
Assim como o tempo
Que não se pode parar

A cada centímetro vencido
Perdido, mudo à direção
E não há nada nem ninguém
Que dê fim a essa sessão

Pelo corredor meus pecados
Ah! Eles arrastam correntes
Semeando dúvidas
Pelo meu inconsciente

Mas quando a noite parece chegar ao fim
Um imenso vazio surge em mim
Como um vale deserto assombroso
Sombrio como os olhos da noite
Sombrio como os teus olhos



Credits
Writer(s): Rogério Sobreira
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