Estado De Alma

Inutilmente vivida
Acumula-se-me a vida
Em anos, meses e dias
Inutilmente vivida
Sem dores nem alegrias
Mas só em monotonias de

Mágoa incompreendida
Mágoa incompreendida

Mágoa sem fogo de vida
Que a faça viva e sentida
Mas a mágoa de mãos frias
E inaptas para arte ou lida
Nem pra gestos de agonias
Ou mostras de alma vencida

Nada: inerte e dolorida
A minha dor se extasia
Por não ser, e tem só vida
Para em torno a noite fria
Sentir vaga e indefinida

Vaga e indefinida
Vaga e indefinida

Mágoa sem fogo de vida
Que a faça viva e sentida
Mas a mágoa de mãos frias
E inaptas para arte ou lida
Nem pra gestos de agonias
Ou mostras de alma vencida

Mágoa sem fogo de vida
Que a faça viva e sentida
Mas a mágoa de mãos frias
E inaptas para arte ou lida
Nem pra gestos de agonias
Ou mostras de alma vencida



Credits
Writer(s): Fernando Pessoa
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