A Procura da Paz

Guind'art 1-2-1, Cirurgia Moral, Código Penal
Estamos aqui para falar para vocês
Sobre os problemas da vida que muita gente acha maldita

Código Penal na área véi'
Não quero ver seu sangue escorrer pelos seus pés
Violência não nos leva a nada
Só complica ainda mais a vida na nossa área

Não troque a sua liberdade
Pela vida, véi', atrás das grades
Chega de ideias suicidas
Choro, velas, tristes despedidas

Quem tá guardado não vê a hora de sair
Quem tá guardado daria tudo pra estar aqui
Periferia, alegria, tristeza, virada de mesa
Aonde a morte precocita por aí marcando presença

Mais choro, mais vela
Mais uma mãe se desespera, reza
Tiros de lá e de cá, ra-ta-ta-tá
Eu também vou me benzer, eu vou rezar
Não queira ser maluco demais
Não ignore a chance de poder ficar de boa, em paz, véi'
Não seja um a mais

É, Guind'art 1-2-1 agora vai levar aí, escuta aí
Distrito Federal, pra que brigar?
Deixa o cana, violência pra lá
Nego Boy foi jogado, 121 foi assinado vacilão na Papuda vai ser visitado
Deus falou e tá falado quem com o cano joga
Com o cano será jogado

Se fosse você iria se vingar
Deixe essa porra pra lá, Deus está ligado
Conscientize seu chegado, para mais tarde não ser exterminado

Esperto demais acaba enterrado, não me tire como lock'
Não seja o melhor, muito menos o pior
Olhe para si e verá imagem e semelhança ao criador
Podemos amenizar o sofrimento e a dor
1-2-1 aqui passou e deixou ideias de valor
Ideias de valor

Às vezes eu me pergunto por quê?
As noites de hoje em dia se tornam tão violentas, por quê?
Ao invés de serenatas de amor e poesias se vê tiros, gritos
Cirenes de polícia, criança na sarjeta, por quê?

Ao invés de belas manhãs vemos manhãs tão sangrentas
A resposta no entanto é difícil de conseguir
Porque às vezes, o destino se mostra irônico por aqui
Afinal, como encontrar um caminho a seguir fora do crime

Porque dentro dele sonhamos menos, vivemos menos
Sentimos muito menos as coisa boas da vida
Mas em compensação ferimos muito mais para doer muito mais
Porque tudo, tudo é apenas um voo cego que nos traz a noite

Que nos traz espanto, que nos faz ficar novamente no ar
A explicação do nada é a garantia que temos
De fazermos as coisas da maneira que bem entendemos
Tiro, tiro, fogo cruzado no espaço de nossas ruas
Discussão, arma na mão, histórias que se parecem, mas nunca são iguais
Mas o final é sempre o mesmo: é foda, é trágico

Respeitando todas as quebradas
Não sou otário, ao contrário, valorizo minha área
Meu nome é rei, a quebra é Sobradinho 1
Periferia de responsa', algo em comum

Escolha o seu caminho, decida o seu destino
Viver na paz ou então ficar levando tiro
É difícil eu sei, aqui na mira da lei
É enterro, covardia, muito já contei

Pratique a paz véi', esqueça a violência
Incentivo, cabeça, ideia, inteligência
Se quer ganhar respeito não é preciso ser bandido
Pense em sua família proteja os seus filhos

Não deixe que cresçam com ratababy na cabeça
Sem farinha, sem maldade, sem pistola na mesa
É triste ver o fim, mas aqui é assim
Faça por você, nunca faça por mim

Cansei de ver meus chegados serem baleados
De quebradas, achados cadáver estirado
Cemitério São Francisco já muito lotado, é
Mais uma vela, só mais um finado

Cirurgia Moral, Guind'art, Código Penal
É só ideia de responsa', violência é mal
Quero sobreviver aqui um tempo a mais, e aí?
Por aqui na nossa área só nos resta a paz



Credits
Writer(s): Daher Chagas Mittelstaedt
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