Uma estação no inferno

Folhas de outono, luas sem mel
Esplendores e misérias do grande hotel
Do Kamasutra às flores do mal
Passos de anjo rumo ao destino final

Ilhas fantasma, gaitas sem fole
Os trópicos tristes jazem ao sol
Barcos sem leme nem capitão
Homem zangado até pode ter razão

Retiras dum engarrafamento sem avanço ou retorno
Esbanjámos cada instante precioso como se fosse eterno
Considerámos cada migrante apenas mais um trastorno
E agora todos desfrutamos de uma estação no inferno

Promessas escritas na maionese
A espuma dos dias ao som do jazz
Doses contadas dinheiro na mão
Olhares lascivos noites de inquietação

Deuses extintos pragam aos céus
Mulheres destemidas rasgam os véus
Criança cresce de arma na mão
Criança morre ninguém lhe pede perdão

Decapitando a magna floresta para alimentar gado
Divorciando nosso carácter dum instinto fraterno
Envenenado o vasto oceano insultando o passado
E agora vamos desfrutando de uma estação no inferno
E agora juntos desfrutamos de uma estação no inferno



Credits
Writer(s): Jorge Palma
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