Retrato #4 - Da Silva

Prazer no estúdio
AKiL, Maré, VND

Filho meu, não inveje o homem violento
E nem siga nenhum dos seus caminhos

Ah, mano rápido, o gatilho dele era rápido
E eu cuspindo umas rimas, tô sempre tentando
Ele cuspindo balas no estado
E ele foi pra cadeia e não melhorou
Não queria ser preso e voltou pior
O neguin' trinta e três, inimigo do estado
Tinha nada a perder pra boca voltou (ah)

E você não entende o quanto isso fere, nego
Fede, nego
Merdas com cheiro de flor vem pra confudir vagabundo
Seu sobrenome 'da Silva' não serviu de nada
A polícia passou do ponto
Problemas estruturais
Esse nego tá em falta, nunca mais rezou pro santo (VND)

E você não entende o quanto isso fere, nego
Doi diferente na gente, eles sempre passam do ponto
Mais do que um filho rebelde, era um mano responsa
Levava o 'da Silva Santos'
E quando a merda feder
Lembra, solta a coroa que sempre fica do lado

Falhas que causaram dores
Consequências que vem junto do lucro
Tentam honrar teu sobrenome
Nego, você foi avisado de tudo
Hoje as merdas te consomem
Traumas que não se transformam em lucro
O menor já virou homem
Novo, louco, já cansado de tudo

Desde menor tenho fome
No meu gueto, histórias que não te conto
Vários filhos do abandono
E o 'da Silva' foi mais um desse bando
Corre pra não virar janta
Tu tem um sol pra ver nascer lá fora
Os seus sonhos tão na planta
Deixa um legado, escreve a tua história

E vocês nunca vão entender o quanto fere
Quantos 'da Silva' sentiram na pele
Muito de vocês só viram na série
Coisas que não tem na televisão
Vocês só dão atenção pro que querem
E acontece sempre no mesmo CEP
E dessa vez até Jesus chorou (han)

Mano rápido, o gatilho dele era rápido
E eu cuspindo umas rimas, tô sempre tentando
Mas dessa vez ele também tentou
E ele saiu de casa, só não voltou
A notícia chegou, e foi bem pior
Sobrenome 'da Silva', vinte e poucos anos
Tiros pelo corpo, tava morto

Filho meu, não inveje o homem violento