Fogo Vivo

Que foleiro
Que foleirada
Pá, não tenho saco de boxe no quarto
Mas tenho papel e caneta, por isso lá vai disto

Sinceramente, de repente
Vejo muita gente
Que não quer inovar, ser diferente
E seguir em frente
Quando lhes perguntas quais as coisas que as tornam contentes
"Gosto de viajar com amigos e ver Netflix
Ir para o bar da praia, chim-chim, beber Champomix"
Tornem-se interessantes antes de quererem gerar interesse
É suposto continuarem a crescer depois da creche
Tenho assistido a este genocídio calado
Cada caprídeo enchifrado
Que lançam um vídeo a fazer sons de gado
Nah, não obrigado
E quem vos disse que do rap eram nativos
Deve estar em casa à espera dos donativos
Mas sinceramente mudem de objetivo
Porque é só ligar os pontos, são bijetivos
Mas tem lá cuidado que o gajo está freaky
E até tirou o curso lá no Funny City
Vou-te dar uma tip, tá?
Dedica-te antes a criptas
Já que gostas tanto de te enterrar
Menos roupas, menos cristas, menos capas de revistas
Lê, alarga as tuas vistas
Fica de cócoras, ancora, porque vou passar agora
Para o senhor doutor Numeiro, e a pergunta é difícil
Quem passa primeiro, o Orçamento de Estado ou tu no 11º?
Surrealista, chama-me Picasso
Sou realista, tenho outra classe
Deixarem o Face é que era um volte-face
Tanta dopamina já vos está a fazer mal
Mano larga o Instagram olha a distância social
Foi preciso 2020 para o menino ficar viral
Mete a cabeça na almofada e deixa a vida passar
Eu nunca acreditei em fadas, quero ser eu a voar
São tagarelas na tela, e eu olho com cinicismo
Porque preferem mostrar pele do que mostrar liricismo
Os teus voos são tipo TAP, claro, só prejuízo
Nunca ninguém te disse "STOP, mano, ganha juízo"?
Tem tudo dentes de leite, óbvio que lhes falta siso
E consideram-se deuses, pois eu só vejo Narciso
Vivem em Cascais, não finjam que vieram do Viso
(Respira, puto, respira, hã?)

One-pack, Tupac, não vejo ninguém
Six-pack no Instagram, ah assim tá bem
Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura
Canções moles, cabeças duras, tanta merda que a cultura
Portuguesa é erodida e choraria Camões
Ao ver que tanta gente é cega e nem sequer tem paixões

Aprendi na faculdade
Que tudo é relativo
As coisas dependem sempre do referencial
Afinal não é verdade
Não passa no crivo
Pois olhe de onde olhar eu só vejo um anormal
Quando penso no gajo
No lixo nocivo
Que vive a roubar putos com apostas deportivas
Ya, com vãs tentativas de lançar ogivas
Mas por mais que vivas
Boy, dessas gengivas
Só vai sair merda ou palavras nocivas
Fuck Forex

E agora uma palavrinha para o patrocinador desta musiquinha
Eu sei que a tuga não está preparadinha
Mas era só para dizer que

Metade destes gajos mostram sinais de demência
Fiquem bem longe do rap, tipo eletrão de valência
Não preciso de Private Party, nem mesmo de Karma
Se o rap é uma batalha onde está a vossa arma?
Ya, acho fofo o flex da Forex
Mas relax, sem stress, já dizia o mano Alex ya
Trata de abrir a córnea porque isso é muito corny ya
Sem a mínima noção da realidade, estão em Nárnia
Com a maturidade de quando fui à Bracalândia
Mo boy, estavam mesmo a pedi-las
1100 Cegonhas, nenhuma se chama Dillaz
Só putos mimados que vivem na sua bolha
Deste mercado de peixe tu hoje só levas solha
Mais pareces uma arara
Sempre em queda, Niagara
Feres o hip-hop, ele sara
Tira a pala, burro, e cala
Nesta guerra de palavras
Eu sou à prova de bala ya

E não fico aquém de ninguém
Massacro a oposição mais parece Squid Game
Eu até sonho em grande, queria morar em Ibiza
Sushi ao almoço, ao jantar mandar vir pizza
Mas trabalho arduamente para os sonhos concretizar
Não fico sentado à espera que alguém os venha entregar
Sair de casa às 9 e às 9 em casa entrar
Já vão 5 anos, a traçar planos
Sempre a ser testado, esse é o meu quotidiano
Domingos na faculdade, quando queria estar com amigos
Mas não foi em vão que fiz este sacrifício
A minha mente evoluiu e aprender tornou-se um vício
Por isso, esta é para os influencers, que têm a mania
Que são importantes mas têm a mente vazia
Não sabem apontar para onde é que fica a Ucrânia
Mas sabem vomitar teorias sobre a pandemia
E falam do horóscopo estes panados
Todos fritos, só são poetas calados
Têm o olho aberto, mas é o errado
Falam do terceiro com os outros dois fechados

Tá visto