porque canto

Canto para não falar
Canto para não me calar
Eu canto para expulsar
E canto pra depois deixar entrar
Canto à solidão e à força da multidão
Eu canto ao amor e a quem não corresponde também

Tenho no canto a vida
E na morte, a inspiração
Tenho a vida no canto
E a sorte de sentir paixão-xão-xão-xão-xão
Xão-xão-xão-xão-xão-xão
Xão-xão-xão-xão-xão-xão...

Canto para ti e canto por nós
Canto em surdina e canto em alta voz
Canto pelos outros que cantaram sós

Para emocionar, para impressionar
Para agradar, para me afirmar
Canto por instinto e leve erudição

Canto por vocação, por não ter outra senão
Canto por paixão e canto por ambição
Canto sem qualquer razão, vai caindo a afinação
Canto o ar do pulmão, com o bater do coração

Canto à inocência de crescer
E à angústia de envelhecer
Ao vazio que ninguém quer ouvir
E ao arrepio que em tua pele, vi surgir

Tenho no canto a vida
E na morte, a inspiração
Tenho a vida no canto
E a sorte de sentir paixão

Tenho no canto a vida
E na morte, a inspiração
Tenho a vida no canto
E a sorte de sentir paixão-xão-xão-xão-xão
Xão-xão-xão-xão-xão-xão
Xão-xão-xão-xão-xão-xão



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