O Ilhéu

O meu grande amor
Dorme ao meu lado
Dormia nos meus braços
Antes de o chão se ter quebrado
Fomos dois ilhéus
Somos uma ilha
E no espaço que há entre nós
O sol agora brilha
Como um coração
Que em forma de ponte
Une os nossos peitos
Com a linha do horizonte
Metade
Amar é ser sempre metade
Metade
Amar é estar condenado a ser metade
O meu grande amor
Separado de mim
Parece às vezes uma estátua
De ferro e alfenin
E quando a noite vem
Deitar-se entre nós
Como um filho adormece
Ao som da nossa voz
E as aves do mar
Que nós abrigamos
Levam para longe
Tudo o que não gritamos
Metade
Amar é ser sempre metade
Metade
Amar é estar condenado a ser metade
O meu grande amor
Que quase toca o céu
Diz que é grande a dor
Que nos cobre como um véu
E à boca do mar
De onde nos erguemos
Lançamos os nossos loucos desejos
E esquecemos
Não há solução
Somos um milagre
Amor é sempre amor
Quer adoce quer amargue
Metade
Amar é ser sempre metade
Metade
Amar é estar condenado a ser metade
O nosso amor
O nosso só assim
É um Amor inteiro
Sem princípio nem fim



Credits
Writer(s): Frederico José Dias Madeira
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