O Ciclo da Prisão

Despertei de manhã
E senti na face dos eclesiásticos
Fartos dos bloqueios desses órgãos
Em me darem novos pais

Achando que era um fardo
Eu fugi, de noite, do orfanato rumo à corte
Da favela de onde eu era
E me juntei aos marginais

Mas eu não sei como usar as armaduras do terror
No verbo amar
Mundo do tráfico, muros de alguém
Nessa cidade de ninguém, estou sem lar

Estou confuso irmão, estou disperso e mal
Venha me adotar, mas se não me quer
Me ajuda viver, eu sou alguém

Sem estudos, perdi a noção do tempo
O deserto me deu sede, o sucesso era sonho
De um moleque marginal

Misturando as forças da razão
Vi modelos nas revistas, todas nuas
Como as noites nessas ruas, da cidade canibal

Se desisti, não insisti em ver o ciclo da prisão me controlar
Lembro da surra na sala vazia
Alguém me carrega pra armadilha aprisionar

Estou confuso irmão, estou disperso e mal
Venha me adotar, mas se não me quer
Me ajuda viver, eu sou alguém

A história supôs desfazer
A parte que aprendi na cela forte
Com os moleques os traquejos
De roubar e de mentir

Mas eu não sei como usar as armaduras do terror
No verbo amar
Mundo do tráfico, muros de alguém
Nessa cidade de ninguém, estou sem lar

Estou confuso irmão, estou disperso e mal
Venha me adotar, mas se não me quer
Me ajuda viver, eu sou alguém



Credits
Writer(s): Ronaldo Estevam
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