A Tua Ausência

Com os passos do silêncio bem calçados
Ainda o fresco da manhã s'espreguiçava
Fez-se à brisa sem aviso nem cuidados
Que não fosse esse vestido que levava
E a alma escancarada na janela
E a alma escancarada na janela

Tudo o mais que desta casa recordasse
Como sombra eternizada d'um fantasma
São heranças, como se a dor não bastasse
A ausência que se sofre, de quem ama
E a alma escancarada na janela
E a alma escancarada na janela

São razões que a razão já desconhece
Na ressaca dessa entrega sem sentido
Quando os olhos de joelhos numa prece
Ainda dão à esperança algum ouvido

Cada dia aumenta a noite tão vazia
E recantos com despójos de saudade
Ressuscitam momentos de nostalgia
Na poesia desse tempo ao fim tarde
E a alma escancarada na janela
E a alma escancarada na janela

São razões que a razão já desconhece
Na ressaca dessa entrega sem sentido
Quando os olhos de joelho numa prece
Ainda dão à esperança algum ouvido

E a alma escancarada na janela
E a alma escancarada na janela



Credits
Writer(s): João Caetano, Paulo Abreu De Lima
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