O Nordeste Onde Eu Moro

A saudade que dói é maior que o passado
E a tristeza que traz é voz que não cala
Há quem lhe negue a habilidade da fala
Todo o sentimento já foi rotulado
E esse catálogo bem humanizado
Sete pecados quis o homem contar
E através da ciência construções de encantar
Chegou até à lua desafiando a verdade
Só nunca fez ponte que matasse a saudade
Cantando a galope na beira do mar

O Nordeste onde eu moro
Cheira a vinho e solidão
Sabe o pranto com que choro
A saudade do Sertão

O Nordeste onde eu moro
Só escuta o vento de Espanha
Desconhece a maresia,
Nunca lhe apanhou a manha

O Nordeste onde eu moro
Não tem côco nem caipora
Tem entrudo chocalheiro
E muita história d'outrora

O Nordeste onde eu moro
Levou longe o meu amor
Que eu visito toda a noite
Na forma de beija flor

O Nordeste onde eu moro
Vive lá o Belzebu
Diz que lá perdeu as botas
E o Judas tem lá o

O Nordeste onde eu moro
Cheira a vinho e solidão
Sabe o pranto com que choro
A saudade do Sertão

O Nordeste onde eu moro
Só escuta o vento de Espanha
Desconhece a maresia,
Nunca lhe apanhou a manha

O Nordeste onde eu moro
Não tem pessoas moles
Tem sempre farta merenda
Fraita e gaita de foles

O Nordeste onde eu moro
Tem um céu azul de anil
Mas não esquece o sofrimento
Do seu primo no Brasil

O Nordeste onde eu moro
Vive lá o Belzebu
Diz que lá perdeu as botas
E o Judas tem lá o

O Nordeste onde eu moro
Vive lá o Belzebu
Diz que lá perdeu as botas
E o Judas tem lá o

O único homem que viu um anjo chorar
Se acercou do seu pranto
E o quis partilhar

O anjo tocado lacrimejou à vontade,
Esse homem, português
E essa lágrima a palavra saudade



Credits
Writer(s): Eduardo Agostinho Beça De Sousa
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