Mudança (Ao Vivo)

Na hora que aquela jamanta comprida
Com as tampas descidas ali foi parando
Olhei pra família, olhei pras crianças
E a nossa mudança já estava esperando

Pedi que ajeitasse em cima da carga
A mesa bem larga de jacarandá
Porque lá na tulha socada até o teto
Tem uns objetos que eu quero que vá

E ali foram pondo enxada e machado
O velho arado e a mão de pilão
Um baú bem velho já sem dobradiças
E as rodas maciças do meu carretão

Até o velho cocho do fundo furado
Que estava jogado no pasto eu catei
Olhando essas coisas eu já me consolo
Até o monjolo no corgo eu peguei

Lá na velha tulha subi nas beiradas
Catei as linhadas e as varas de anzol
Peguei uma cela com rédeas e freios
Que estava no esteio do velho paiol

Passei no terreiro num canto de lado
Catei um punhado de cinza e carvão
Lembranças que eu levo, talvez derradeiras
Da antiga fogueira do meu São João

Mas quando eu falei: Já pode tocar
Desci para pegar o meu chapéu de palha
Na volta peguei uma rosa em botão
E beijei o chão do campinho de malha

Em cima da carga fiz nome do padre
E pro meu compadre abanei o chapéu
Parece que eu ia pro inferno viajando
E ali fui deixando meu mundo, meu céu

Até meu cachorro que eu já tinha dado
Chegou apressado pra ver se era eu
Chegou se apoiando nas patas dianteiras
Subiu na rabeira e meu corpo lambeu

Assim eu deixei o meu canto encantado
No dia nublado querendo chover
E os meus objetos dos tempos antigos
Vão ficar comigo até quando eu morrer



Credits
Writer(s): Geraldino Luiz De Moura Filho, José Caetano Erba
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