22

Já que não interessa estou aqui outra vez
Sem ninguém saber faço anos mais uma vez
Mas desta vez vou falar tudo de uma vez
Fartei de vocês que não ligam ao camponês
Mas farto é pouco
Foram três as vezes, que pus a esperança em vocês
Mas que estupidez
22 anos nesta palhaçada a espalhar a luz que a minha mãe me deu
E só vejo na vossa cara

Que simpático olha lá
Que luz vem de ti
Mais um para usar
Mais um que nos faz sorrir
E quando não der para usar vai saber que estamos a iludir
Dá um toque pra verdinha pra encher esta barriga

Calem a boca

Foram vocês que deram vida a estas vozes na minha cabeça
Que tiram a luz de mim que tanto gostava em mim
Agora só sinto que sou um quebra-cabeças
Um monstro de sete cabeças

Nem consigo falar direito com aqueles que eu amo
Nem consigo ser o João a quem a Julieta ensinou todas aquelas rimas
Mas agora olho pra cima e todos os ancestrais eu chamo
Para verem o meu valor, e todas as minhas vítimas

Desculpa mente
Por todas as vezes que te pus embriagada
E obriguei-te a tomar uma decisão
De toda a vez que trouxe um nevoeiro que me impediu de te ouvir
E infelizmente só consegui ouvir o coração
Desculpa coração, meu querido
Sei que és bom
Mas sei que precisas de uma mente forte pra não ficares partido
Portanto se hoje vocês estão assim a culpa é minha
Deixei eles mudarem-me para algo que não queríamos

Desculpa música
Já desabafei tanto contigo e parece que tu comigo és uma deusa
Já rezei a muitos deuses
Mas parece que és a única que ouve as minhas preces
E que tira a minha dúvida
Sem ti estou sempre na dúvida
De não saber onde vou
Sempre na dúvida
Tão mórbida
Sempre na dúvida, sempre na dúvida



Credits
Writer(s): Joao Marques
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