Antes de poeta, mulher (Ao Vivo)

Esse poema veio de uma reflexão, que só porque eu escrevo sobre a vida
As pessoas acham que eu sei o que fazer com a minha
Então elas esperam, tem expectativas coerentes com as coisas que eu escrevo, e nem sempre é assim
E eu quero me tomar de volta, né
Meu direito de não criar expectativa nenhuma

Me visto de uma força, isso não quer dizer que ela não exista
Mas esqueço que por trás sou apenas uma mulher
Que assim como todas as outras, não passa de anos passados de uma menina
Que tem milhões de inseguranças, defeitos, sonhos bobos e fantasia
Eu amo o fato de acessar uma sabedoria pra que se possa levar a vida
Mas isso só me ajuda com pequenas decisões no dia a dia
Eu escrevo porque é minha sina
Eu sou capaz de ficar doente se não o faço
Mas nem por isso sou sua fucking guru, ou exemplo algum pra que sigam meus passos
Se do nada resolvo fazer poesia, devo tirar de mim tudo aquilo que não brilha?
Se te dou uma ótima dica, perdi o direito de errar nas escolhas da vida?
Se quero ser reconhecida pela minha arte, devo excluir toda a minha turma e vícios bregas que não fazem parte?
Ou me vestir de uma alma cult e esquecer que adoro purpurina?
Ou parar de tirar selfies por que ser bonita deveria ser umas das minhas últimas qualidades?
Ah, chega!
Eu quero me tomar de volta
Meu direito de errar, de chorar por alguém, de decepcionar pessoas
Eu sou a mesma que posta textão, que desce até o chão, que pede uma saideira
Que dizem que na última festa só fez besteira
Eu sou aquela que erra, que acerta
Que tem dias que tá quietinha, e no outro furacão
Eu sou meu lado menina, meu lado selvagem
Aquela que tem medo, aquela que peita
Eu sou minha própria mulher inteira
Cê me respeita!